Caio Bruno
Quando tomou posse para o seu 3º. mandato como presidente da República em janeiro, Luiz Inácio Lula da Silva (PT) cravou mais um recorde: o de maior número de mulheres como ministras de Estado da história. 11 em um total de 37 pastas.
Entretanto, hoje, passados oito meses do início do governo, o presidente já não ostenta mais esse feito e isso graças ao que se chama realpolitik. A política que acontece no dia a dia, o pragmatismo necessário para governar um país sob o insólito modelo do presidencialismo de coalizão da Constituição de 1988.
Com a iminente saída de Ana Moser do Ministério dos Esportes e com a queda de Daniela Carneiro (União – RJ) da pasta do Turismo em julho, atualmente são 9 as mulheres no primeiro escalão da administração federal.
Ambas foram substituídas por homens e mais do que isso, por deputados federais ligados ao Centrão. Essa entidade abstrata abrigada em diversas siglas e que paira sobre todos os governos desde a redemocratização e que hoje é liderada pelo presidente da Câmara Arthur Lira (PP-AL).
Daniela, em volta com denúncias e sem apoio da bancada de sua sigla, foi trocada por Celso Sabino, seu correligionário do Pará. Já a ex-atleta de vôlei será substituída pelo líder do PP na Câmara, o maranhense André Fufuca. As semelhanças entre quem sai é que ambas não tiveram quem as bancasse.
Em comum entre os que entram está o apadrinhamento de Lira, que assim adere de forma mais robusta ao Governo Lula e em troca de quinhões do orçamento federal promete uma situação mais confortável ao petista no Legislativo.
O Brasil que assiste ao Lula 3 é bem diferente do país que viu os 2 primeiros mandatos (2003-2010) do ex-líder sindical em diversas questões e uma delas é o identitarismo. Essa é uma pauta que pressiona o petista em seu campo, o da esquerda. Há a cobrança por mais mulheres, negros, LGBTs e indígenas integrando seu governo ou suas indicações ao Judiciário.
Mas o sinônimo de Lula é pragmatismo. É assim desde ao menos 1975 quando assumiu a presidência do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC. E entre jogar o jogo da política real e ter uma (pseudo?) tranquilidade congressual e desagradar sua base fervorosa ele continuamente vai ficar com a primeira opção. Depois ele se entende com o seu quintal como sempre fez.
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Caio Bruno, jornalista e especialista em Marketing Político