Seguro e eficaz, tratamento traz resultados promissores e redução da morbimortalidade
O setor de Hemodinâmica da Unidade do Coração do Hospital Unimed Piracicaba realizou o primeiro procedimento percutâneo do interior do Estado, com implante do stent BeGraft aórtico, introduzido este ano no Brasil para o tratamento da coarctação da aorta (obstrução parcial da passagem do sangue na artéria aorta) de um paciente de 50 anos.
Não invasiva, a cirurgia durou mais de duas horas e mobilizou os cardiologistas Pablo Tomé, João Felipe de Toledo, Luiz Gubolino e Daniel Lemos, além da equipe de enfermagem do complexo. Sem intercorrências, o beneficiário foi extubado e recebeu alta no dia seguinte. Em parceria com o canal médico 4 Valves TV, reconhecido nacionalmente por promover educação continuada na área cardiológica para profissionais da América Latina, o caso foi gravado para sessão científica virtual.
“A coarctação da aorta é uma malformação cardiovascular congênita de elevada prevalência. É caracterizada por um estreitamento da aorta torácica, geralmente logo abaixo da artéria subclávia esquerda. É mais frequente no sexo masculino. Habitualmente, o quadro clínico é composto por hipertensão arterial em membros superiores e diminuição de pulsos em membros inferiores”, explicou Carlos Joussef, presidente da Cooperativa, que também acompanhou o caso.
Rara, a doença é responsável por cerca de 5% a 8% das cardiopatias em geral, com incidência de 6% a 8% dos nascidos vivos. Quando não tratada, pode evoluir com complicações precoces, como insuficiência cardíaca no período neonatal ou tardias, como aneurismas, dissecções, coronariopatia e hemorragia intracraniana consequentes à hipertensão arterial secundária à coarctação. Hoje, o tratamento cirúrgico é a opção terapêutica tradicional, com bons resultados na evolução.
De acordo com um dos médicos que conduziu o tratamento, o paciente apresentava, nos últimos dois anos, piora significativa no estado funcional. “Hipertenso desde os 30 anos, ele se queixava de fadiga mesmo nos pequenos esforços do dia a dia. Por isso, tínhamos de realizar o procedimento o quanto antes para melhorar a qualidade de vida dele, afinal é jovem e há muito que se viver”, revelou Tomé.
Sobre o procedimento inédito no Estado, o cardiologista e coordenador do serviço de Hemodinâmica do HU, Daniel Lemos, explica que o corpo clínico realizou, inicialmente, uma angiografia no ventrículo esquerdo e na aorta ascendente para inspecionar a função ventricular, além de afastar gradientes pressóricos na valva aórtica (que é bicúspide).
“Em seguida, realizamos a medida pressórica, avaliando o gradiente de pressão entre a aorta ascendente e descendente. Finalmente, implantamos a endoprótese na região da coarctação e avaliamos a necessidade de dilatação adicional do óstio da artéria subclávia esquerda, mediante insuflação simultânea de balões entre a aorta e a artéria subclávia”, explicou.
Contribuindo para o sucesso do procedimento, o médico João Felipe de Toledo detalha que foi utilizado um introdutor especial, sem necessidade da participação de cirurgião para dissecar a artéria carótida (localizada na região do pescoço). “Este aparelho foi extremamente importante durante a correção. A partir de agora, padronizaremos o uso deste equipamento para procedimentos raros como esse, tendo em vista o resultado alcançado”, acrescentou.
Joussef ressaltou que iniciativas como essa são apoiadas pela Cooperativa e, mediante a necessidade, outros procedimentos de alta complexidade serão realizados na Unidade do Coração do Hospital Unimed Piracicaba. “Este tipo de caso conta com salas adequadas e todo aparato tecnológico. Nossa equipe de médicos intervencionistas e multiprofissionais é capacitada para oferecer uma assistência assertiva e segura ao paciente”, finalizou o dirigente.