Valdiza Maria Capranico
E setembro chegou novamente!
O mês das belas floradas das árvores nas matas, nas encostas das montanhas, nos vales…
Mês onde os pássaros voam felizes fazendo seus ninhos… é a Natureza em festa.
E, também para nós, piracicabanos, foi num distante setembro que nasceu um homem que, acima de tudo, amou a Natureza e com muito carinho através de suas histórias, passou tudo isso às crianças enquanto viveu!
Refiro-me a Thales Castanho de Andrade, piracicabano, nascido a 15 de setembro de 1890…
É considerado o primeiro escritor infanto-juvenil de nosso país! Seu primeiro livro – “A filha da floresta” – de 1919 é anterior ao primeiro livro de Monteiro Lobato, de quem era amigo – “Narizinho arrebitado” – publicado em 1921.
Thales escreveu dezenas de livros, com tiragem de milhões de exemplares. Mas, sua obra mais lida, vendida, adotada em muitas escolas, por vários anos, foi “Saudade”.
Prefaciando essa obra, Sampaio Doria escreve que ela “terá o cordão de insuflar na alma, germes de amor à Terra e à Pátria…”
Eu, completo esse prefácio afirmando que Thales respeitava através de seus livros, a inocência, a pureza da alma da criança! Era realmente o educador!
Muito tempo depois, num 13 de setembro de 2007, lançava eu, meu primeiro livro: “Contos para pequeninos”. Uma coletânea de histórias infantis que publiquei durante anos no suplemento infantil que o “Jornal de Piracicaba” editava aos domingos… Saudade disso também!!
Prefaciando meu livro, Hugo Pedro Carradore, entre outras afirmações, escreve que… “Contos para pequeninos” é um misto de fantasia e realidade que alimenta no espirito da criança a inteligência, o caráter, com seu cunho lúdico, penetra no universo infantil, ensinando e educando” …
Eu não conhecia, até então, Thales Castanho de Andrade… nem havia lido nenhuma de suas obras. Fui, como muitos jovens de minha época, cursar faculdade em outra cidade e, ocupar cargos também fora dela.
Mas, conheci e convivi com o Hugo Pedro Carradore no Instituto Histórico e Geográfico de Piracicaba – IHGP – quando, a convite dele e de Haldumont Nobre Ferraz, fui fazer parte daquele seleto e culto grupo de historiadores piracicabanos.
De acordo com Hugo Pedro Carradore, eu escrevia para crianças, histórias que mexiam com seu imaginário, ensinavam lições de respeito à Natureza, como Thales escrevia também! Por conta dessa comparação, enquanto viveu, e frequentou o IHGP me deu o honroso apelido de “Thales Castanho de saia” …
Honra grande demais para mim!
E, sem conhecer direito Thales Castanho de Andrade, lancei meu 1° livro infantil, num 13 de setembro – exatos 30 anos após a morte dele!
Esse livro também me deu a honra de receber o aplauso da Câmara Municipal de nossa cidade, em 19/09/2007, por ser a primeira escritora de livros infantis após a morte de Thales.
E, claro, depois dessa descoberta, li quase todas as obras de Thales!
Não tenho, nunca tive a pretensão de ser um “Thales de saia” – mas, lamento profundamente, não tê-lo conhecido.
Continuo a escrever, com muito carinho, para crianças, ensinando o amor e o respeito à Natureza, agora mais feliz e honrada ainda.
Duplamente feliz! Herdei de meu avô paterno, que também não conheci, o Amor à Natureza, tão bem representado por ele, quando plantou a “Sapucaia da paz”, ao saber do fim da Primeira Guerra Mundial.
Mês de setembro! Em meu coração, minha memória, sempre ficará Thales Castanho de Andrade – mais uma das muitas coincidências que a vida me apresentou!
Minha homenagem singela a um grande escritor que, mesmo sem ter conhecido, tenho a felicidade, a honra de trilhar seus mesmos sonhos, seus mesmos caminhos…
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Valdiza Maria Capranico, professora aposentada, vice-presidente do IHGP (Instituto Histórico e Geográfico de Piracicaba)