Gregório José
A iniciativa do Conselho Empresarial do Brics (Cebrics) de criar um documento sobre as áreas prioritárias do programa de desenvolvimento e crescimento do bloco pode ser vista como uma tentativa de fortalecer a cooperação econômica e comercial entre os estados-membros. Contudo, as análises das 10 prioridades brasileiras apresentadas revelam alguns problemas críticos:
Falta de abordagem social e ambiental. As prioridades listadas parecem centrar-se principalmente em aspectos econômicos e comerciais, negligenciando importantes aspectos sociais, ambientais e de sustentabilidade. A incapacidade de abordar questões mais amplas pode levar a resultados desequilibrados e insuficientemente abrangentes.
Desigualdade e inclusão. Embora sejam mencionados programas de competências em TI para mulheres e raparigas, não é claro como as prioridades têm em conta as atuais desigualdades nos Estados-Membros. O facto de já não haver foco na inclusão social e na redução das desigualdades pode continuar a concentrar os subsídios em sectores já privilegiados.
Efeitos Ambientais. Embora seja mencionada a criação de um fundo relacionado com projetos de energia limpa, deve-se notar que a transição para fontes de energia sustentáveis e a redução das emissões de dióxido de carbono não são enfatizadas. À medida que aumenta a consciência ambiental, as prioridades devem refletir um compromisso mais forte para conter as alterações climáticas.
Abertura e participação pública. Não está claro como as prioridades foram definidas e se houve uma consulta pública aberta e extensa na preparação deste documento. A falta de participação de outros grupos que não as empresas pode pôr em perigo a legitimidade e a representatividade das propostas.
Ênfase nos interesses corporativos. Como o Cebrics é formado por empresas, existe o risco de que as prioridades apresentadas coloquem os interesses comerciais das grandes empresas à frente das necessidades e desejos da população. Orientação Geopolítica: Os países BRICS têm interesses geopolíticos e estratégias de desenvolvimento diferentes. As prioridades propostas podem não ter adequadamente em conta essas diferenças, o que pode impedir uma cooperação e ação eficazes.
Foco restrito em áreas selecionadas. as 10 prioridades podem não abranger todas as áreas de desenvolvimento importantes para os Estados-Membros. Esta faixa estreita pode limitar o acesso a questões complexas que os países enfrentam.
Não está claro como o sucesso e o impacto das medidas propostas serão avaliados e monitorizados. A falta de um sistema de avaliação robusto pode levar a iniciativas que não atendem às expectativas ou necessidades.
Embora a intenção do Cebrics de promover a cooperação comercial e o desenvolvimento económico entre os Estados-Membros seja louvável, é importante abordar estas questões críticas para garantir que as prioridades estejam alinhadas com um desenvolvimento justo, sustentável e inclusivo que aborde a comunidade em geral, de desafios, antes dos países
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Gregório José, jornalista, radialista, filósofo