José Osmir Bertazzoni
Diferente de todos os meus artigos vou iniciar esse texto com uma declaração pública (não se trata de justificativa) sobre minhas atitudes, atos ou palavras, porque me manifesto contrário a forma de governar do atual prefeito municipal Luciano Almeida. Não é pessoal? Lógico que não é pessoal! O Brasil se divide em várias formas de se pensar e de agir; tanto o Luciano como eu fomos educados pensando diferente, ele com características do universo empresarial e eu com características do universo público, sempre acreditando que era possível conviver com diferenças. Minha linha ideológica de formação pessoal está com um princípio que julgo ser justo: o debate democrático de ideias.
Somos diferentes porque pensamos diferentes, porque enxergamos o mundo de forma diferente: Luciano, com uma visão capitalista e eu com uma visão socialista. Em um ponto somente não divergimos, na defesa das instituições democráticas – por menos, ainda não divergimos. A Democracia é a única forma de convivência das diferenças e para contemplá-la vem a minha formação pessoal onde por dez anos atuei junto à Organização Internacional do Trabalho (OIT-ONU) cuja visão é de formar discussões e decisões de forma tripartite, atraindo os atores para o debate e decisão.
Na visão da Organização Internacional do Trabalho, a justiça social é indispensável à paz duradoura de uma nação democrática. Logo, a OIT desenvolve o seu trabalho com o objetivo de reduzir a pobreza, promover uma globalização justa e melhorar as oportunidades para que as pessoas possam ter acesso a trabalho digno e produtivo em condições de liberdade, equidade, segurança e dignidade humana.
Meu orgulho, e que (não abrirei mão) foi do meu aprendizado e vivência que tive dentro do universo diplomático internacional, compartilhei aprendizado junto a OIT, única agência tripartida das Nações Unidas que reúne representantes dos governos, empregadores e trabalhadores de 195 países signatários com vista a adotar normas internacionais com decisões democráticas e participativas.
Por que divergimos tanto? Porque sou contra a privatização e Luciano, favorável e privatista por formação, são diferenças conceituais de difícil conciliação, até pelo fato de que ele é o prefeito e nós servidores. Ele tem a caneta (temporária) e o poder de privatizar e nós o dever de resistir, lutar e contrariar. Simples assim.
A nossa visão sindical é a favor de um Brasil mais forte, mais igualitário e com serviços públicos de qualidade com protagonismo do Estado conforme dispõe a Constituição; defendemos os trabalhadores. Somos a favor de que as riquezas sejam para todos, não para o lucro de poucos. Somos favoráveis a um olhar de esperança que contemple um futuro melhor para o país e para seu povo.
Se o Estado não estivesse presente em um país com nossas dimensões (8.514.876 km²) não seria possível investimentos nos menos favorecidos como: Bolsa Família; Minha Casa, Minha Vida; Luz Para Todos; Universidade para Todos (ProUni); financiamento Estudantil (FIES); Programa de Aceleração do Crescimento (PAC); Plano Safra; Programa Nacional de Imunizações; Programa Nacional de Alimentação Escolar, etc.
Posto isso, somos intransigentes com a defesa de que o serviço público tem que ser gerido e administrado pelo município, Estado ou União e que a terceirização ou entrega à iniciativa privada visando objetivo único da lucratividade não nos é aceitável.
Quanto a pessoa e a vida privada do prefeito não nos interessam, conquanto, entendo que política pública se faz com a participação de todos os atores e desde o primeiro contato com Luciano percebi que tínhamos muitas diferenças na forma de agir e de pensar e que somos de mundos muito diferentes.
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José Osmir Bertazzoni, jornalista e advogado