O que Steve Jobs, Leonel Messi, Leonardo da Vinci, Bill Gates, Charles Darwin e Mozart têm em comum? São pessoas com a Síndrome de Asperger ou TEA (Transtorno do Espectro do Autismo) no grau mais leve. Os exemplos dessas personalidades e a forma como cada uma despontou em sua área ilustraram a palestra do médico Rodrigo Ribas Dias dos Reis, na manhã de ontem (21), no Salão Nobre Helly de Campos Melges. Denominada “Autismo leve (Síndrome de Asperger) e suas implicações e repercussões legais, sociais e educacionais”, a atividade foi promovida pela Escola do Legislativo.
A recepção ao público esteve aos cuidados do diretor da Escola do Legislativo, o vereador Pedro Kawai (PSDB), que enalteceu o interesse pelo tema e apresentou o convidado. “A Escola do Legislativo tem o papel de proporcionar momentos como esse, para fortalecermos o atendimento, seja para quem já atende ou para quem não conhece”, declarou.
Médico da Secretaria Municipal de Saúde, onde atua nas áreas de mastologia e gastrocirurgia, Rodrigo Reis é formado em medicina pela PUC-PR (Pontifícia Universidade Católica do Paraná) e se especializou em cirurgia geral e cirurgia oncológica, além de ser titular do Colégio Brasileiro de Cirurgiões e membro da Sociedade Brasileira de Mastologia.
Reis lembrou que o transtorno é caracterizado por tanta diversidade que “no planeta terra não existem dois autistas iguais”. O médico disse que embora o mundo esteja baseado nos conceitos de diversidade e inclusão, falta essa percepção com relação aos autistas. “Toda minoria exige que a sociedade o defenda”, completou.
Segundo o médico, os autistas possuem superneurônios e também os cinco sentidos exacerbados. “Não é o autista que tem que se adaptar às normas; a sociedade tem que criar um ambiente que se adapte a ele”, citou Reis.
Sobre o tratamento comportamental dos casos de autismo leve, Reis defende ingredientes como boa vontade, conhecimento, amor, compreensão e paciência, fatores fundamentais para que eles se dediquem de corpo e alma ao que acreditam. “Todo autista leve, em algum momento, vai quebrar o muro e interagir com o mundo dele. Pode ser natural ou com auxílio das pessoas ao redor.”
Com relação ao aspecto legal, Reis apresentou as principais leis federais relacionadas ao assunto, porém, reafirmou que muitas são desconhecidas –– e mesmo quando são de conhecimento da população, nem sempre são cumpridas.
No âmbito federal existem a lei 12.764/2012, que instituiu a Política Nacional de Proteção dos Direitos da Pessoa com Transtorno do Espectro Autista; a lei 13.146/2013, conhecida como Estatuto da Pessoa com Deficiência, e a lei 9.394/1996, que estabelece as diretrizes e bases da educação nacional. De uma fase mais recente, há a lei 13.977/20220, chamada de Lei Romeo Mion, com dispositivos que buscam assegurar a inclusão e a dignidade das pessoas com autismo em diferentes setores.