Rogério Albuquerque
O dinheiro é um item obrigatório para o convívio em sociedade. A partir dele, transações em todos os segmentos do mercado são realizadas, desde compras essenciais em supermercados e no varejo, sem contar as negociações que empresas realizam entre si. Não é nenhuma novidade que o dinheiro está em todo lugar e participa ativamente de todas as etapas da vida humana.
Com o avanço da tecnologia, que trouxe novos meios de pagamento para a população, como os cartões de crédito e débito e o Pix, o Brasil, um país historicamente aderente ao pagamento em dinheiro, apresenta uma aderência cada vez menor ao seu uso. Segundo o relatório “WorldPay from FIS”, cerca de 35% das operações financeiras realizadas no Brasil em 2022 foram realizadas por meio do dinheiro em papel.
Apesar de parecer pequeno, o percentual de pagamentos em dinheiro pode representar uma ilustração da estrutura social da população brasileira. Se por um lado grande parte da população aderiu ao uso de bancos digitais e movimentações financeiras realizadas pela internet, existe uma outra parcela da população que possui dificuldade para esse acesso ainda permanece.
Além do Pix, outras tecnologias como o Real Digital estarão em circulação em breve no país, mas antes de se apresentar uma completa mudança na cultura de pagamentos do brasileiro, é necessário entender as peculiaridades e diferenças que uma nação de tamanho continental, como o Brasil, apresenta.
O varejo historicamente representa uma importante parcela da economia brasileira. Locais icônicos, como a 25 de março e o mercado do Brás em São Paulo, o Mercado Popular Uruguaiana, no Rio de Janeiro, e o Mercado Central, na capital cearense, são apenas alguns dos exemplos que fazem parte do imaginário popular e da relação entre consumidores e lojistas.
Dentro desses espaços, a utilização do dinheiro em espécie ainda é extremamente comum, mesmo com a alta aderência de lojistas aos meios de pagamento realizados por meio de cartões e o Pix.
Recentemente, o Banco Central divulgou um dado que corrobora o “carinho” que o cidadão brasileiro ainda nutre pelo dinheiro físico. Segundo o órgão, a circulação de dinheiro e moeda em espécie subiu 1% em 2022, na comparação com o ano anterior, saltando de R$339 bilhões em 2021, para R$342,3 bilhões em 2022.
É possível que esse número apresente um declínio nos próximos anos e ainda que a ideia da migração para o digital ilustre muito do que o futuro pareça ter como um caminho a seguir, a sociedade brasileira não pode definir, até por conta desta parcela da população que utiliza o dinheiro, por simples preferência ou por falta de conhecimento do âmbito digital, a completa extinção do dinheiro em espécie. Se ocorrer, ainda vai demorar alguns anos para isso.
_____
Rogério Albuquerque, chefe de marketing e produtos da Card