Uma oferta irrecusável

Sergio Oliveira Moraes

 

Prezado Ivan, faço uma oferta irrecusável. Vai prestando atenção que não é pouco e é pra hoje. Eu já havia te pedido para deixar o final de semana livre a partir de sexta à tarde, então lá vai. Hoje, sexta-feira, 20 horas, a Biblioteca Municipal de Piracicaba recebe um quarteto de cordas – dentro da programação da biblioteca para o aniversário da cidade!

Não é tudo, vamos devagar. Faz parte da programação da biblioteca para o aniversário da cidade e nos traz música – quatro músicos da nossa terra, o Quarteto Piracicabano, esse é o nome. Lembra da minha carta do dia 7, quando falei da Audiência Pública do dia 28 de junho, para conversar sobre o Plano Municipal do Livro, Leitura, Literatura e Bibliotecas (PMLLLB)? Trabalhar “por uma Piracicaba leitora”? Lembra? Lembra que eu escrevi que um dos princípios que norteia o PMLLLB é: “a difusão do entendimento de que as bibliotecas não são meramente espaços para depósitos ou acondicionamento de livros”? Então. Tai mais um exemplo.

Sim, é mais um, eventos acontecem “direto” o ano todo na Biblioteca, mas este é de um simbolismo, tem um significado que me leva a destacá-lo. Ivan, é a apresentação de estreia do Quarteto. Além do amor à música, claro, os quatro guardam em comum uma relação profunda com a Escola de Música de Piracicaba Maestro Ernest Mahle (EMPEM). Meu caro, você escolheu o exílio voluntário da terra que não mais reconhecia: os espaços e ambientes culturais educacionais fechados, ameaçados ou com a participação popular reduzida – a EMPEM, a UNIMEP Taquaral, o Observatório Astronômico, a Pinacoteca Municipal, o Conselho Municipal de Política Cultural, a Biblioteca Municipal ameaçada de perder o prédio especialmente construído para abrigá-la.

Entendeu meu caro o significado desse concerto, pelos seus músicos, local e momento? É a estreia do Quarteto, é a comemoração dos 256 anos da nossa terra, é um baita presente de arte, cultura, educação, “coisas” que a cidade mais tem perdido. Na Audiência Pública do dia 28, contei na carta, foi pedido que a implantação do PMLLLB começasse pelo bom senso, pela rejeição da ideia de transferência da Biblioteca, e olha ela, olha a parceria com o Quarteto, o simbolismo de sua ligação com a EMPEM, o presente para Piracicaba. Presente que poderia ser completado pelo anúncio: “a Biblioteca Municipal fica!” Já pensou? Aniversário da cidade, seu presente Piracicaba, não será tomado. A cidade sorriria. Pedir bom senso é pedir demais?

Voltando Ivan, não tenho dúvida que você irá gostar e muito. Então, na sexta-feira você vem direto, hospeda-se em casa e à noite iremos juntos ouvi-los, saborear o ambiente, o “Parabéns” à nossa terra, de um jeito tão ligado à sua história. E não se preocupe, não é trabalho, para que ficar na janela da sua casa olhando o prédio da Pinacoteca, sofrendo com o vazio? Na minha, poderemos seguir na prosa até o sono bater. Ah,tem mais uma, a integrante do Quarteto foi nossa colega no “SUD”. Pense na gostosura extra do reencontro.

E, só para dar uma “dica” da programação que te espera: no sábado um bolo de fubá feito na hora, café quentinho e rever Don Vito Corleone dizendo a Johnny Fontane: “Vou fazer uma oferta que ele não pode recusar”. E aí?

Fraterno abraço, boa viagem e até daqui a pouco!

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Sergio Oliveira Moraes, físico e professor aposentado Esalq/USP.

 

 

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