O Anuário

Sergio Oliveira Moraes

 

Sim Ivan, vamos falar sobre o Anuário. Antes, deixa eu te contar sobre duas ações do legislativo local, nomeadamente da Mesa Diretora e da Procuradoria Especial da Mulher da Câmara Municipal de Piracicaba. Seu exílio voluntário da “terrinha” não é desculpa para ignorar, não fazer a sua parte. E não estou fugindo do tema.

Acesse o “site” da Câmara: “Dicionário de Expressões Machistas”, sim Ivan! Um dicionário, proposta da Procuradoria Especial, a ser construído por todas e todos que já ouviram, repetiram expressões machistas e, em dado momento … a ficha caiu! Quem não Ivan? Uma baita maneira de educar, saber antes o que machuca o outro, mesmo que nenhum dos dois tenha se dado conta. Na matéria tem o “link” para enviar frases, envie e divulgue. Baita ideia, né?

Outra: “Câmara altera horário do expediente durante jogos da seleção feminina”, ato da Mesa Diretora. Ótima justificativa: “promover o tratamento isonômico entre as modalidades masculina e feminina de futebol”. Ótimo por explicitar essa igualdade tanto para a população quanto para os familiares das funcionárias e funcionários, a família, amigos, “curtindo” junto como no mundial masculino. O esporte, particularmente o futebol, é um veículo privilegiado para ir ajudando a plantar, sedimentar a igualdade.

Chegamos Ivan. Vamos falar sobre a 17a edição do Anuário Brasileiro de Segurança Pública, é o último, e vamos ver as comparações com 2021. Piorou muito. A violência bateu recordes. Há outras ações, muitas, gostaria de crer, mas, repito, vou ficar com as que envolvem a Procuradoria Especial, suas Procuradoras. Há que se juntar a elas meu caro, dar visibilidade ao trabalho, diminuir os números do horror.

Leia a matéria: “Vereadora é palestrante em evento sobre equidade de gênero na ACIPI”, em um evento promovido pela CEF intitulado: “Todas as vozes importam: juntos pela equidade de gênero”, o objetivo exposto pelo superintendente-executivo de varejo do banco: “provocar reflexão sobre as relações de poder, não somente entre homens e mulheres, mas também outras formas de desigualdade e discriminação quanto aos demais grupos minoritários, como a comunidade LGBTQI+, as pessoas com deficiência, a população negra e os idosos”. Ótimo e estamos nessa meu caro, idosos (você vai encontrar todas as matérias no “site” da Câmara, ou digitando o título no navegador, não tem desculpa para não se informar, repito). E o que nos conta o Anuário? Casos de racismo aumentaram 68% em 2022. Crimes contra LGBTQI+ enquadrados na lei do racismo cresceram 54% em relação a 2021, repito.

Ivan, busque a matéria: “Mulheres veem urgência na adoção de ações contra a violência de gênero”, também no “site”, que relata a reunião entre vereadoras, procuradoras, a presidente da Comissão da Mulher Advogada da OAB de Piracicaba, a representante do Projeto Heroica e uma voluntária do Projeto Exército de Formiguinhas e integrante da Pastoral Social da Diocese de Piracicaba. A reunião foi no dia 20 último, o mesmo da divulgação do Anuário e 4 dias após o sexto feminicídio do ano em nossa terra! Leia, veja os encaminhamentos, a necessidade de mobilização de toda sociedade. O Anuário: o país bateu o recorde com 75000 estupros e os casos de feminicídio aumentaram 43,3% em São Paulo.

O imagino lembrando da banalização do estupro, da tortura (domínio dos corpos como também na escravização, confere Calligaris?), as ofensas às mulheres e “minorias”, e parodiando Karamazov: “se alguém que jurou promover o bem geral trata assim seu povo, tudo é permitido”. Fraterno abraço.

 

 

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Sergio Oliveira Moraes, físico e professor aposentado Esalq/USP

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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