Todos possuem um tesouro imperecível?

Alvaro Vargas

 

Ciente do descaso do homem com relação a sua transformação moral, Jesus proferiu duas parábolas para despertar o nosso interesse na busca dos valores espirituais. Nessas estórias, o Mestre descreve que “o Reino dos céus é como um tesouro escondido num campo. Certo homem, tendo-o encontrado, escondeu-o de novo e, então, cheio de alegria, foi, vendeu tudo o que tinha e comprou aquele campo”. (Mateus, 13:44). Na parábola que se segue conforme o Evangelho (Mateus, 13:45-46), Jesus utilizou da mesma figura de linguagem, apenas substituindo o tesouro escondido por uma pérola de grande valor. Ambas, enfatizam a felicidade e a ventura de quem encontra tais riquezas, a ponto de dispor de todos os bens para consegui-las. O objetivo moral dessa lição é nos conscientizar sobre a nossa natureza divina, e o caminho a ser seguido. Visando enfatizar a necessidade de conquistarmos esses valores espirituais, Jesus acrescentou outro ensinamento: “não ajuntemos tesouros na terra, onde a traça e a ferrugem tudo consomem, e onde os ladrões minam e roubam; mas ajuntemos tesouros no céu, onde nem a traça, nem a ferrugem consome, e onde os ladrões não minam nem roubam”. (Mateus 6:19-20). O Espírito Emmanuel (XAVIER, F. C. Seara dos Médiuns, cap. 49) esclarece que “tesouros são talentos que trazemos (em nossa alma), independentemente da fortuna terrestre, a fim de ajudarmos aos outros, valorizando a nós mesmo”.

Jesus sempre enfatizou a necessidade de superarmos as ilusões que provocam um apego excessivo as coisas materiais. “Ninguém pode ambicionar o reino de Deus disputando os valores terrestres que acumula com avidez insaciável, nem consegue harmonizar-se no ideal da fraternidade, se não realiza o equilíbrio interior para vitalizar os ideais soberanos da vida. Somente quem se afeiçoa ao verdadeiro bem consegue transpor os obstáculos colocados pelo egoísmo, sentindo a lídima solidariedade apossar-se dos sentimentos e espraiar-se”. (FRANCO, D. P. Pelo Espírito Joanna de Ângelis. Até o fim dos tempos, cap. 89). O rabino Saulo de Tarso, durante a sua perseguição aos cristãos encontrou-se com o Espírito Jesus de Nazaré. Foi um momento decisivo em sua vida, pois naquele momento, converteu-se ao Cristianismo. Todos nós, durante a romagem terrena, vivenciamos várias experiências que podem nos conduzir a um momento de decisão equivalente a vivenciada pelo apóstolo dos gentios. Trata-se de um instante significativo. É quando nos conscientizamos sobre a necessidade de buscarmos o “Reino de Deus”. A partir desse momento, todos os valores materiais passam a ter uma importância secundária. Saulo abandonou a sua posição de doutor da lei do Grande Templo judaico, passando trabalhar como tecelão para a sua subsistência, dedicando toda a sua vida na divulgação da Boa Nova de Jesus. Ele encontrou o tesouro imperecível que habita no fundo, de nossas almas.

A experiência vivenciada pelo apóstolo Paulo é um exemplo que se aplica a qualquer indivíduo que busca, sinceramente, despertar a sua espiritualidade. Foi o que ocorreu com Giovanni Bernardone (Francisco de Assis), quando, ao conscientizar-se de sua natureza divina, renunciou a toda herança paterna para vivenciar o amor ao próximo. Esse despertamento ocorrerá com todos nós, mas depende do nível evolutivo em que nos encontramos. Segundo o Espírito Emmanuel (XAVIER, F. C. Caminho, verdade e vida, cap. 107), Jesus afirmou que o reino de Deus não vem com aparência exterior. “A realização divina começará do íntimo das criaturas, constituindo gloriosa luz do templo interno. Não surge à comum apreciação, porque a maioria dos homens transita semi-cegos, através do túnel da carne, sepultando os erros do passado culposo”. Entretanto, mesmo que seja fundamental a conquista dos valores espirituais, não devemos negligenciar as oportunidades evolutivas que Deus nos proporcionou, nesta encarnação, aqui na Terra.

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Alvaro Vargas, engenheiro agrônomo-Ph.D., pesidente da USE-Piracicaba e palestrante espírita

 

 

 

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