José F. Höfling
A pandemia do covid-19 tem ocupado nossas mentes desde 2019, quando essa doença irrompeu a barreira dos diversos territórios deste planeta de forma avassaladora, semelhante a um “tisuname”, trazendo muito sofrimento e mortes derivados da introdução e permanência desses microrganismos no seu hospedeiro de escolha que foi o “ser humano”. Desnorteados que ficamos com essa “novidade” e sem entender o real significado de uma doença desse porte, estivemos a mercê de governantes totalmente “despreparados” e sem conhecimento do tamanho desse fenômeno biológico e suas consequências para a Sociedade, a tal ponto de sugerir “curas milagrosas” com o emprego de substâncias incapazes de qualquer efeito contra os vírus que expressam mecanismos já bastante conhecidos da ciência desde à séculos, fruto de pesquisas ao longo dos tempos anteriores ao que estamos vivendo…e ainda mais, sem conhecimento científico nenhum, apostando na “imunidade de rebanho” imaginando que as pessoas iriam se tornar imunes ao agente em questão, simplesmente deixando as coisas acontecerem ao sabor do “acaso” onde a infecção humana por si, seria o suposto controle da situação! Associado a isso, tivemos ainda a indução do descaso, negacionismo e de “piadas” em relação ao “viruszinho” sem consequências maiores. Tudo isso, e a ausência de providências maiores como a compra de vacinas já na época disponíveis, levou à morte de quase “um milhão de pessoas” somente em nosso País… mas isso também ocorreu em outros países, como nos Estados Unidos, por motivos semelhantes. Será que aprendemos com tudo isso? Será que agiremos de forma diferente quando estivermos sob novas pandemias e infecções microbianas que virão? Tenho as minhas dúvidas, porém acredito que o exemplo vem de cima (de nossos governantes) cumprindo o seu papel de gestores da Sociedade e do povo. Muito bem…a pandemia acabou? Não precisamos mais nos preocupar com o covid-19? Ele foi vencido, dizimado e extinto do nosso convívio?
Vejamos. Antes de mais nada, temos que entender o significado maior de uma pandemia. Com certeza, graças à vacinação, pudemos ter o controle da situação, ou seja, diminuir de sobremaneira a capacidade do vírus de contaminar a população como estava acontecendo, já que a presença de anticorpos produzidos pelas vacinas em cada um de nós, não nos fez mais “contaminadores” dentro da população de vacinados e não vacinados, embora um segmento da população não se vacinaram por motivos de dar “calafrios” em quem é da área, pudemos chegar à tal da “Imunidade de rebanho”, ou coletiva, e isso acontece quando uma grande quantidade de indivíduos em uma comunidade está protegida da ação do vírus como já pudemos explicar…ou porque foram vacinados ou porque adoeceram e sobreviveram pela ação dos anticorpos produzidos pelo nosso organismo ao longo da doença… e aí com poucas pessoas vulneráveis o vírus circula bem menos protegendo de modo “indireto” aqueles que não se vacinaram e, portanto, não estão imunizados. Nós “vacinados” acabamos por proteger os que não foram, não é? No entanto, restou uma grande parte da população que não foram vacinadas…o que não nos deixa tão confiantes assim a respeito de novas contaminações. Isso somada ao aparecimento de “novas variantes” como a “Arcturus (XBB.1.16) e poderão aparecer mais, já que esse é o normal de microrganismos — sempre em mutação — nos coloca, ainda, em alerta.
Então com a ideia de que ainda tudo isso seja motivo de preocupação, não custa nos resguardarmos usando máscara em ambientes fechados, evitarmos aglomerações, lavarmos bem as mãos, etc., e quando estivermos ao ar livre e lugares poucos povoados de seres humanos podemos guardar a máscara. Não é tão trabalhoso assim, certo?
Um outro aspecto é o de obtermos essa doença endemicamente, ou seja, mantê-la circunscrita em países, cidades, localidades e comunidades e isso só é possível quando tomarmos os devidos cuidados para coibir a sua expansão para outros lugares, o que vai dando origem à pandemia que conhecemos. Como se observa, o assunto é extenso, vencemos parcialmente a batalha, mas não temos o controle, até que todos sejam vacinados não podemos dizer que dizimamos e extinguimos essa doença e outras… Precaução, com antena ligada e olhos abertos, é a palavra de ordem! Idosos e crianças são a maior preocupação. Em outros momentos, estaremos falando sobre outras doenças que estão por aí ou já nos afetam ou afetarão.
Políticos e governantes que atentem para estes fatos, além de outros de âmbito social, devem nos pautar na hora das escolhas!
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José F. Höfling, PhD em Imunologia, da FOP-Unicamp