Vivência, experiência dos anciões   

Aldo Nunes

Encontrei no dicionário mais antigo, que não mais circula por que não é mais consultado, talvez o mais verdadeiro significado do adjetivo ancião: “1 – de idade avançada (as pessoas veneráveis); 2 – homem idoso e respeitado pela sua sabedoria e probidade; velho de muita autoridade moral e intelectual”. Faça o que estiver ao seu alcance para melhor se relacionar com as pessoas que te servem de referência para sua alma. A alma é o meio mais perfeito para se comunicar com Deus.

Neste artigo de hoje quero relembrar um menino que trouxe luz ao mundo da escuridão:

Um dia um menino de três anos estava na oficina de seu pai, vendo-o fazer arreios e selas. Quando crescesse, queria ser igual ao pai. Tentando imitá-lo, tomou um instrumento pontudo (sovela, instrumento ponte agudo utilizado por sapateiros, arreeiros e seleiros), e começou a bater numa tira de couro. O instrumento escapou da pequena mão, atingindo-lhe o olho esquerdo. Logo mais, uma infecção atingiu seu olho direito e o menino ficou totalmente cego.

Com o passar do tempo, embora se esforçasse para se lembrar, as imagens em sua memória foram gradativamente desaparecendo e ele já não mais se lembrava das cores. Aprendeu a ajudar o pai na oficina trazendo as ferramentas e peças de couro. Ia para a escola e todos admiravam sua memória. Verdadeiramente ele não estava feliz com seus estudos. Queria ler livros, escrever cartas, como seus colegas. Um dia ouviu falar de uma escola para cegos. Aos dez anos, Louis chegou a Paris, levado por seu pai e se matriculou no Instituto Nacional Para Crianças Cegas. Ali havia livros com letras grandes em relevo. Os estudantes sentiam pelo tato as formas das letras e aprendiam as palavras e frases. Logo o jovem Louis descobriu que era um método limitado. As letras eram muito grandes. Uma história curta enchia muitas páginas. O processo de leitura era muito demorado. A impressão dos livros era muito cara. Em pouco tempo o menino já tinha lido tudo que havia na biblioteca. Queria mais e como adorava música, tornou-se estudante de piano e violoncelo. O amor à música aguçou seu desejo pela leitura e queria também poder ler as notas musicais. Passava noites acordado pensando em como resolver o problema. Ouviu falar de um capitão do exército que tinha desenvolvido um método para ler mensagens no escuro. A escrita noturna consistia em conjuntos de pontos e traços em relevo no papel. Os soldados podiam, correndo os dedos sobre os códigos, ler sem precisar de luz. Ora se os soldados podiam, os cegos também podiam, pensou o garoto. Procurou o capitão Barbier que lhe mostrou como funcionava o método. Fez uma série de furinhos numa folha de papel com um furador muito semelhante ao que o cegara quando pequeno.

Noite após noite e dia após dia, Louis trabalhou no sistema de Barbier, fazendo adaptações e aperfeiçoando-o. Suportou muita resistência, os donos do Instituto tinham gasto uma fortuna na impressão dos livros com as letras em relevo e, não queriam que tudo fosse por água abaixo.

Com persistência Louis Braille foi mostrando seu método e os meninos do Instituto se interessavam. À noite, às escondidas, iam ao seu quarto para aprender. Finalmente aos vinte anos de idade, Louis chegou a um alfabeto legível com combinações variadas de um a seis pontos. O método Braille estava pronto. O sistema permitia também ler e escrever música.

A ideia acabou por encontrar aceitação e, semanas antes de morrer, no leito do hospital, Louis Braille disse a um amigo: “Tenho certeza de que minha missão na Terra terminou”. Dois dias depois de completar 43 anos, Louis Braille faleceu e nos anos seguintes à sua morte, o método se espalhou por vários países e, finalmente foi aceito como o método oficial de leitura e escrita, para aqueles que não enxergavam. Assim os livros puderam fazer parte da vida dos cegos. Tudo graças a um menino imerso em trevas que dedicou sua vida a fazer luz para enriquecer a sua e a vida de todos os que se encontravam privados da visão. Há quem use suas limitações como desculta para não agir, nem produzir. No entanto, como tudo deve nos trazer aprendizado, a sabedoria está, justamente em superar as piores condições e realizar o melhor para si e para os outros. (Louis Braille nasceu em 04/01/1809 em Coupvray e faleceu em 06/01/1852 em Paris, era um francês).

Aí está um exemplo clássico de que os idosos (anciãos) são muito necessários e, por isso, devemos sempre deles socorrermos, pois suas vivências são de quem já vivenciou muitas coisas e aprenderam a suplantá-las  e contorná-las e nos ensinar seus métodos, especialmente neste momento de dificuldades pela qual estamos passando.

Afora tudo isso acima exposto, não posso deixar de me recorrer aos meus dotes (não de riqueza, mas sim de insistência e de curiosidade pela observação do céu, onde encontro muitas respostas para minhas frequentes dúvidas: já vigorando o inverno desde 21/06/2023 e a Lua/Crescente iniciando nesta próxima terça-feira, 25/07/2023, posso afirmar que vamos ter um inverno rigoroso aqui para nossa região, com pouca chuva que durará até 23/09/2023 quando chega a Primavera e as flores (que ora enfeitam a vida e que ora enfeitam a morte), estarão nos brindando com suas cores que a todos encanta.

Um ótimo domingo a todos meus leitores e não se esqueçam de olharem para o céu. Lá é bem mais perto de Deus.

 

Aldo Nunes, contabilista, articulista de jornais,

advogado, Auditor Fiscal de Rendas do Governo

do Estado de São Paulo, aposentado.

E-mail: [email protected]

 

 

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