“Scientia Vinces”

 

 

Sergio Oliveira Moraes

 

 

Prezado Ivan, gostou da abertura? Não poderia deixar passar. A foto da diretora da ESALQ, professora Thais Vieira, recebendo pela instituição, no último dia 12, a Medalha Nacional do Mérito Científico é preciosa. Preciosa pela ESALQ, pela cidade, pelo momento: “a Ciência voltou!” Preciosa pela companhia de outros cientistas que tiveram suas medalhas negadas por defenderem a ciência em um momento particularmente terrível da nossa história, a mortal mistura de negacionismo e pandemia – cloroquinas da vida, para “resumir” as mortes evitáveis, a dor. Então, meu caro, você que se afastou da nossa terra porque “o que os olhos não veem o coração não sente”, merece essa nova intimação para voltar. E iniciada pela inscrição no brasão da USP: “Scientia Vinces” – com a ciência vencerás.

Há mais notícias boas. Na tarde da véspera, dia 11, uma plenária para atualizar e discutir os próximos passos para uma universidade federal em nossa cidade, voltando a ocupar o Campus Taquaral. Eu sei, Ivan, que você leu a matéria (https://www.camarapiracicaba.sp.gov.br/movimento-por-universidade-federal-preve-nova-reuniao-com-ministro-61666), mas é sobre o ambiente da plenária que quero te contar, de sentir “a beleza de ser um eterno aprendiz”. Releia a matéria, escute Gonzaguinha, a plenária você perdeu.

Você sabe que para além de um campus com tal infraestrutura e beleza, a tragédia maior (não exagero) é fechar uma Universidade que ocupava um espaço de cursos que não são cobertos pelos campi da USP e Unicamp. Mas também um espaço político e cultural tão necessário à cidadania. A mesa, plateia, era variada, ótimo. Secretário da Educação, vereadores e vereadoras locais, de cidades vizinhas, representantes de sindicatos de trabalhadores e patronal, representante de deputado estadual, ex-professores e professoras, ex-reitor, representantes de organizações civis, ex-estudantes e um professor da Federal de São Carlos. Você os tem no artigo, mas preciso citar, a diversidade é ótima, repito o adjetivo, repito também o lamento por você não ter ido.

As falas de ex-docentes, ex-estudantes expressaram em muitos momentos a gratidão pela formação para o exercício da profissão, mas também o ambiente propício à troca de ideias, opiniões, o exercício do contraditório esperado dos ambientes acadêmicos. A discussão técnica sobre custos, sobre a melhor estratégia para viabilizar o mais rapidamente possível a universidade federal, não pela pressa impensada, mas para que não se deteriore o patrimônio, se aproveite que a “Ciência Voltou!” foi entremeada pelo sentimento de quem lá estudou, o “bairrismo” saudável, a saudade dos “corredores”, a tristeza indignada de ter um curso, uma formação extinta. “O que os olhos não veem o coração sente sim”, Ivan – você segue no seu mantra, mas sabe que não é assim. Resumindo, meu caro, mesa, plateia, representantes, indistintamente empenhados pela Universidade Federal, que é de ontem em nosso país a carência de oportunidades para estudar e sonhar!

Ivan, você me mandou o artigo (https://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/2023/07/policia-prende-traficantes-que-se-passavam-por-cacs-e-compravam-armas-na-paraiba.shtml?utm_source=whatsapp&utm_medium=social&utm_campaign=compwa) no dia 12 pela manhã, externando a preocupação, o contraste com a agressão que sofremos. Entendo. Professor também, ofendido como todos, mas, a Plenária, a Esalq sendo homenageada, me fortaleceram. Vacinado, não anestesiado: “Scientia Vinces”.

Fraterno abraço!

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Sergio Oliveira Moraes, físico e professor aposentado Esalq/USP

 

 

 

 

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