Campus Taquaral – Movimento por universidade federal prevê nova reunião com ministro

Na tarde desta terça-feira (11), cerca de 30 pessoas estiveram na Câmara para uma reunião que atualizou o andamento do processo e definiu os próximos passos. CRÉDITO: Guilherme Leite

 

 

Grupo intersetorial planeja conversar com Camilo Santana, ministro da Educação, para que orçamento federal já assegure recursos para a manutenção do campus Taquaral

 

 

Com avanços na articulação para que o antigo campus Taquaral da Unimep (Universidade Metodista de Piracicaba) abrigue uma universidade federal, o movimento intersetorial que se formou em torno do objetivo projeta uma nova reunião com o ministro da Educação, Camilo Santana, para apresentar estudos sobre a viabilidade da proposta.

Integrantes do grupo foram recebidos pelo ministro e sua equipe em Brasília (DF) pela primeira vez em abril, quando foi levada ao governo do presidente Lula (PT) a ideia de instalar no campus Taquaral uma nova universidade federal, a ser criada, ou a extensão de uma instituição de ensino superior já existente, em troca da dívida que a rede mantenedora da Unimep, atualmente em recuperação judicial, tem com a União.

Na tarde desta terça-feira (11), cerca de 30 pessoas estiveram na Câmara para uma reunião que atualizou o andamento do processo e definiu os próximos passos, como a realização de uma campanha para engajar movimentos estudantis, escolas das redes estadual e municipal e demais segmentos da sociedade. Também foi classificado como “urgente” o agendamento de uma nova conversa com Camilo Santana.

“A instalação de uma universidade passa por recursos públicos e dotação orçamentária, e o governo federal está neste momento fazendo o seu Orçamento para o ano que vem. Portanto, temos urgência em ter uma agenda com o ministro da Educação com vistas a inserir no Orçamento uma dotação destinada para a implementação dessa universidade”, enfatizou a vereadora Rai de Almeida (PT), uma das coordenadoras do movimento.

A parlamentar pontuou que os recursos para garantir a manutenção e proteção do patrimônio do campus desativado precisam estar assegurados independentemente se o campus abrigará uma nova universidade autônoma ou uma extensão de outra já existente, “que é uma decisão do governo federal”, ressaltou.

“O que está colocada neste momento é a questão financeira: se é um campus extensivo, você já tem os professores; para ter uma universidade, passa-se por todo o processo administrativo e de concurso público, e isso tem uma demora. Uma extensão seria mais rápido para a ocupação”, afirmou, ponderando que “o fato de ter um campus extensivo não inviabiliza ter uma universidade autônoma a médio prazo”.

O professor aposentado Ely Eser Barreto César destacou que a hipótese atualmente considerada é a de tornar o Taquaral um “campus avançado de uma das três universidades federais de São Paulo” —Unifesp, UniABC ou UFSCar—, “diante das dificuldades do governo, no momento, de instalar uma nova universidade”.

A proposta a ser levada ao Ministério da Educação envolveria a “desapropriação amigável” do campus Taquaral, segundo Ely Eser. “Inicialmente, seria uma dação, mas as exigências a tornavam quase impossível; mudamos, então, para a modalidade de ‘desapropriação amigável'”, afirmou o professor aposentado.

“A rede metodista já está fazendo isso, acertando a apuração da dívida, do valor do imóvel, e o acerto é negociado: pela dívida, entrega-se o imóvel. Estamos programando voltar ao Ministério da Educação para apresentar a proposta de desapropriação, se interessa ao Estado esse imóvel. Isso precisa ser formalizado; não deve ser um problema técnico complicado”, completou.

O secretário municipal de Educação, Bruno Roza —que integrou a comitiva que foi em abril a Brasília junto com Rai de Almeida, Ely Eser, a deputada estadual Bebel Noronha (PT) e o professor Valdemar Sguissardi—, lembrou o “brilho nos olhos” de Camilo Santana “quando o ministro constatou o potencial do campus Taquaral”.

Bruno Roza defendeu que, na segunda reunião, o grupo reforce a defesa da proposta com vídeos e materiais que deem a dimensão da ampla estrutura, desativada pela Unimep em 16 de janeiro, composta por 150 salas de aula, 50 laboratórios, sete prédios, dois anfiteatros e biblioteca com mais de 400 mil títulos no acervo.

“Estamos vivendo um processo histórico, de um movimento suprapartidário que está congregando a sociedade. Esta é uma luta que deve ser de todos que amam essa cidade; estamos tratando de um legado e um patrimônio que marcaram gerações. Não nos devem interessar posicionamentos de grupos econômicos, mas os de Piracicaba”, enfatizou o secretário.

Outros vereadores e representantes setoriais contribuíram nas discussões promovidas nesta terça-feira, que também tiveram a presença de parlamentares das Câmaras de Saltinho, Cordeirópolis e Santa Gertrudes e representante do deputado estadual Alex de Madureira (PL).

“Reitero meu apoio ao movimento e nos colocamos à disposição para interlocução junto à nossa bancada de deputados federais”, disse o vereador Pedro Kawai (PSDB), que defendeu que o movimento também pense “no passo à frente”, referente ao custeio para a manutenção do campus.

“A Unimep teve um papel muito grande como vetor de crescimento, e nossa região se beneficiou por décadas dessa importante instituição de ensino. Esse é o momento para unir forças. O prefeito Luciano Almeida apoia 100% essa luta para que possamos ter um resultado final que vai beneficiar toda a nossa população e região”, declarou o vereador Josef Borges (Solidariedade), líder do governo na Câmara.

“Precisamos de fato que a sociedade abrace essa campanha. A Prefeitura pode liderar nesse sentido, do convencimento de que a vinda de uma universidade vai trazer desenvolvimento em todos os aspectos”, propôs Pablo Carajol, que falou pelo mandato coletivo A Cidade é Sua, da vereadora Silvia Morales (PV), também presente na reunião.

Fernanda Ferreira, professora da rede municipal, reforçou a necessidade de mobilização na sociedade e “a importância também de pleitear uma universidade federal independente, pois Piracicaba tem potencial”. “O governo federal disse ter interesse de abrir quatro universidades federais no país; significa que já pensou no impacto orçamentário disso”, argumentou.

Paulo Lima, do Sindicato dos Metalúrgicos de Piracicaba e Região, disse que as indústrias têm “dificuldades muito grandes” em recrutar profissionais com formação na área. “Estamos investindo recursos próprios para qualificar trabalhadores, então apoiamos totalmente essa luta”, declarou.

Erick Gomes, do Simespi, relatou encontro que ele, junto com a deputada Bebel Noronha, teve com o vice-presidente Geraldo Alckmin, também ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços e ex-governador de São Paulo. Erick Gomes disse que “foi muito bem aceita pelo vice-presidente a ideia da vinda da UFSCar” a Piracicaba, como campus extensivo.

“O grande problema hoje da União é o custeio. E outras regiões precisam mais do que nós de uma universidade independente”, ponderou o representante do Simespi, acrescentando que o movimento intersetorial deve estar preparado para discutir quais cursos quer para a região e manter, “como um segundo passo, a busca por uma universidade independente”.

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