Douglas Alberto Ferraz de Campos Filho
Cabelos brancos, moldura do pensamento, passar do tempo, é Deus retocando a superfície de seu melhor invento com um verniz de brilho branco, mas vi Rosa colhendo sozinha, lindas rosas no jardim, cheguei e disse Rosa qual dessas rosas me dá, as das faces primorosas ou estas que unidas está. Ela fitou-me sozinha e ainda mais se enrubesceu e depois ligeira foi indo, e de longe me respondeu, não lhe dou às rosas das faces nem estas que tenho na mão, dá-las-ei se me estimasse as rosas do meu coração; mas então insisti a Rosa que um chamado ressoava à mim, era o chamado da paixão e que na luz de seus olhos claros de olhar, não deixe que o destino funcione como arbitro, pois a paixão é o único juiz; e como num combate onde os fracos se abatem e somente os fortes sabem vencer, diante tamanha excitação alucinei no momento em que no céu da sua boca abriu-se um arcabouço estrelado e seus dentes rígidos rangiam ruídos sensuais, a língua grossa, roça, roça, roça e pelos púberes pubianos pruriram poder e participação em delírios desconexos que se imbricavam entre amor e paixão.
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Douglas Alberto Ferraz de Campos Filho, médico piracicabano