Era para ser a cerimônia para entrega do voto de congratulações à médica pediatra Laurisa Maria Cortellazzi Garcia. Mas foi a festa da tia Lau. O requerimento nº 226/2023, de autoria do vereador Josef Borges (Solidariedade) proporcionou aos moradores do Distrito de Artemis a oportunidade de manifestar o agradecimento à médica do Programa Saúde da Família, após 48 anos de profissão, dos quais 34 na comunidade.
O posto do PSF do bairro ficou pequeno para o tamanho da gratidão da comunidade e para a energia da homenageada, que agora está prestes a se aposentar. Por isso, a solenidade para a entrega do voto de congratulações ocorreu no pátio da Escola Estadual Professor José Martins de Toledo, com a presença dos estudantes da unidade e das outras duas escolas do bairro, as escolas municipais Professor Décio Miglioranza eDeolinda Elias Cenedeses, grande parte pacientes da tia Lau, além de colegas dela na unidade de saúde, educadores, membros da comunidade em geral e duas filhas da homenageada. A festa foi organizada através de uma parceria entre a Associação de Moradores do Distrito, comerciantes locais, moradores, as escolas, PSF e o gabinete do vereador Josef.
A homenageada chegou ao local da cerimônia na companhia de crianças do bairro, que foram buscá-la no posto de saúde. A mesa de honra da solenidade foi composta pelo vereador Josef Borges, pela diretora da Escola Estadual, Luciana Cristiano, pela presidente da Associação de Moradores, Márcia Cardoso, pela supervisora de Ensino, Simone Presuti e pelo subsecretário municipal de Saúde, Augusto Muzilli Jr.
Lenda viva – Logo foi possível identificar a simpatia que a médica exerce na comunidade, com os relatos da atuação dela como uma profissional que se tornou uma lenda viva para o distrito. Na ocasião, foram contados os “causos” protagonizados por Laurisa, como chegar ao distrito buzinando para as crianças e abraçando as pessoas. Ou então os pacientes que entravam no consultório e a médica estava ouvindo reggae, transmitindo positividade.
Em uma carta de agradecimento, um ex-paciente, hoje técnico em enfermagem, relatou que a tia Lau receitava que a mãe dele cozinhasse músculo para fortalecer a saúde. Em outra comunidade que prestou serviços, onde havia um sério problema de anemia entre as crianças, a médica chegou a percorrer os açougues e mercados do bairro para solicitar que entregassem de graça osso do traseiro de boi para quem chegasse aos estabelecimentos com uma carta do posto de saúde. Depois, ela fez uma palestra, em que ensinou as mães a prepararem o caldo com o tutano do osso. Foi assim que, em poucos meses, foi eliminada a anemia entre as crianças do local.
“A doutora Laurisa tem um significado especial para a comunidade, por cuidar da vida”, disse o vereador Josef Borges. “Se hoje vemos essa garotada é porque teve um anjo que cuidou da saúde dessas crianças através da prevenção, com tanto carinho e dedicação. É emocionante falar de uma pessoa que dedicou a vida toda para salvar vidas”.
“Ela salva vidas não só no sentido físico, mas em almas também. Ela abraçou de alma esta comunidade”, lembrou a presidente da Associação de Moradores. “Temos a alegria de participar desta festa, mas também a tristeza porque ela vai nos deixar”, avaliou o subsecretário de Saúde. Tia Lau também recebeu homenagens de pacientes, alunos das escolas, pessoas da comunidade e colegas de trabalho.
“Meus amores, era uma vez uma médica novinha, com muitos sonhos na cabeça, que chegou a Artemis”, contou a homenageada. “Quem merece gratidão são vocês, que fizeram a minha vida ter sentido. Deixar o amor, a alegria e o bem que a gente faz é o maior de todos os presentes. Quando Deus me levar embora, vou pedir que ele me deixe ser o anjo da guarda das crianças para eu nunca ter que deixar vocês”.
No fim da solenidade, tia Lau e as duas filhas, Lígia e Lucila, embalaram o canto caipira “Inhambu-xintã e o Xororó”, embalado pelos músicos e pelo coral do projeto Convivência, da Cesac (Centro Social de Assistência e Cultura São José). A festa terminou com a mesma energia da homenageada, com um “trenzinho” puxado pela tia Lau, ao som de “O Rio de Piracicaba”.