Jose F. Höfling
Estivemos falando anteriormente que vacinas não caíram do céu nem apareceram como mágica ou milagre e, sim, fruto de seres humanos que souberam ir a fundo no conhecimento das doenças e da possibilidade de erradica-las do hospedeiro na esperança de salvar a humanidade. Pasteur (velho conhecido nosso) estudou cientificamente a cólera aviária (doença de aves), e descobriu que é possível, em laboratório, atenuar os microrganismos, (mantê-los inativos quanto à sua patogenia ou capacidade de produzir doença) através do princípio da “atenuação” microbiana (diminuição de sua capacidade de produzir doença), tornando realmente um fato a possibilidade de “uma vacina”.
Ele contribuiu muito com a saúde da humanidade quando a partir de um extrato de células de medula de coelhos infectados com o vírus da raiva, foi capaz de produzir uma vacina contra a hidrofobia (um vírus mortal transmitido para as pessoas pela saliva de animais infectados). Este fato lhe conferiu o reconhecimento público e a criação do Instituto Pasteur em 1888, onde suas ideias começaram a ser difundidas universalmente. Ainda nesse ano dois pesquisadores “Von Behring e kitassato encontraram, no soro de animais imunizados contra a difteria e o tétano, substâncias neutralizantes específicas, as quais foram denominadas “anticorpos” (estruturas produzidas nos hospedeiros provenientes da imunização (praticamente vacinas artificiais semelhantes às que tomamos contra o covid-19 somente que com tecnologia mais avançada) ou uma reação gerada em nosso organismo naturalmente, (contra aquilo que é diferente), e mais ainda…Eles demonstraram que “a proteção” contra essas duas doenças pode ser transferida “passivamente” de um animal doente (imune) para outro animal normal quando transferimos o soro contendo essas moléculas chamadas de anticorpos.
Assim estava criada a “soroterapia”, (semelhante ao que fazemos hoje com bem mais tecnologia), a qual iniciou um processo de cura na medicina em crianças com difteria em todo mundo…Paul Erlich, outro pesquisador da época, também se destacou na história da ciência imunológica desde o início do século 20. Foi um pesquisador nato, fez carreira como químico quando iniciou seus trabalhos científicos com a implantação da indústria química alemã. Este pesquisador interessou-se pela especificidade dos fenômenos imunológicos, sendo capaz de diferenciar os mecanismos de imunizações “ativas e passivas” (as quais estaremos descrevendo posteriormente), demonstrando para “a comunidade científica” que existia uma transmissão de “anticorpos” da mãe para seus filhos por meio do processo de amamentação (século 20!).
Já está dando para acreditar um pouco em vacinas? E pensar que tem seres humanos que não vacinam seus filhos… Podemos aceitar muitas coisas, menos aquelas provenientes da ignorância e de crenças insanas! O conhecimento nos liberta e nos faz seres humanos melhores; continuaremos se for o caso!
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Jose F. Höfling, biólogo, MS, PhD em Imunologia, FOP/Unicamp