Proposta – Grupo sugere audiência sobre o Plano Municipal do Livro

Reunião aconteceu na tarde da última quarta-feira (5) no anfiteatro da Biblioteca Pública Municipal. CRÉDITO: Fabrice Desmonts

 

 

A realização de uma audiência pública para discutir a elaboração de um Plano Municipal do Livro, Leitura, Literatura e Bibliotecas (PMLLLB) foi uma das propostas apresentadas em reunião na tarde da última quarta-feira (5), na Biblioteca Pública Municipal “Ricardo Ferraz de Arruda Pinto”, que contou com a presença de bibliotecários, educadores e da vereadora Rai de Almeida (PT). Essa foi a segunda reunião do grupo, que realizou seu primeiro encontro no dia 28 de março, na Câmara Municipal de Piracicaba.

A ideia de uma audiência pública, segundo a parlamentar, é fazer com que a temática seja amplamente debatida entre os gestores públicos e a comunidade de forma a viabilizar estratégias para a execução do PMLLLB.

Durante a reunião desta última quarta, os presentes voltaram a se debruçar sobre o texto de uma minuta apresentada por Rai de Almeida, elaborada com base na Política Nacional de Leitura e Escrita e em planos estaduais e de outras cidades, que traz princípios, objetivos e metas de curto, médio e longo prazo a serem articulados entre o Poder Público e a sociedade, voltados à ampliação e democratização da leitura e à valorização da educação e dos profissionais envolvidos neste processo.

“Sabemos que isso não se dará num estalar de dedos, pois há muitos anos não temos incentivos, sejam às bibliotecas, sejam aos profissionais da área, os bibliotecários e nem em termos de políticas públicas dedicadas ao livro, à leitura e à literatura”, falou a vereadora.

MAIS PROPOSTAS – Para a professora de literatura Joseane de Souza, as linhas gerais do plano estão bastante claras e em sintonia com outras leis e políticas existentes sobre o tema. Para ela, no entanto, é indispensável que o Plano promova discussões e compreenda de forma plena a centralidade dos livros e das bibliotecas para a cidade: “o primeiro grande esforço continua sendo que o poder público assuma e entenda o que é a biblioteca e qual é o seu papel frente ao livro”.

De acordo com ela, o poder público deve, inclusive, fomentar os aspectos simbólicos do livro e da sua relação com os cidadãos, e citou como exemplo uma política pública adotada em um país vizinho, a Colômbia: “uma coisa muito simples a ser feita é convencer o público de que o livro tem um espaço na vida dele, na casa dele. Na Colômbia, por exemplo, as casas populares são entregues junto com uma pequena prateleira, com cerca de 10 livros. O que custa isso? Nada… mas com essa ação, você cria uma ideia de que uma casa pode e deve ter livros”, falou.

Além da possibilidade de uma audiência pública, os participantes também propuseram a realização de eventos que destaquem a importância dos livros e da leitura, como oficinas e concursos literários, além de conversas junto a professores da rede pública de ensino com o intuito de ampliar as discussões sobre o Plano.

BIBLIOTECÁRIOS E REDE MUNICIPAL DE BIBLIOTECAS – O papel dos bibliotecários na execução do PMLLLB e no fomento à leitura foi novamente destacado no segundo encontro do grupo. Para Guilherme Belissimo, bibliotecário na Fundação Municipal de Ensino de Piracicaba (Fumep) e membro do Conselho Regional de Biblioteconomia, os bibliotecários são profissionais complementares e não concorrentes dos professores:

“O bibliotecário é um apoio para o ensino, para a educação e para todo esse processo de construção de uma sociedade leitora. Não somos concorrentes. Isso tem que ficar claro. (…) Enquanto no ensino privado você tem esse profissional, tem uma biblioteca, no ensino público muitas vezes ele não existe, o que aumenta ainda mais a discrepância entre a educação pública e a privada”, ponderou.

Guilherme Belissimo ainda defendeu a criação uma rede de bibliotecas em escolas municipais, integrada e gerida de forma digital, de forma a permitir que o acervo das unidades seja intercambiável:

“Ao integrar o acervo de todas as escolas, você consegue até mesmo gerir melhor os recursos, já que você não precisa ter um número grande de exemplares em cada uma das escolas pois uma unidade pode trocar esses livros com a outra. Assim, é possível ter um maior número de títulos e atender uma gama maior de assuntos. Isso já acontece nas universidades”, disse.

Por fim, Rai de Almeida destacou: “esse é um projeto em construção e aberto a todos que queiram contribuir. Esperamos que por meio do PMLLLB consigamos ampliar cada vez mais o número de leitores, reduzindo as desigualdades existentes de forma a criar uma sociedade mais culta, evoluída e com um olhar voltado para a diferença”.

Também participaram do encontro o assessor parlamentar Alexandre Bragion, bibliotecários e bibliotecárias de escolas particulares da cidade, do Sesi, do Sesc, do Senai, da Fatep, da Esalq e da Biblioteca Municipal, além de representante da Diretoria Regional de Ensino de Piracicaba e interessados em geral.

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