Monsenhor Jorge Simão Miguel era pároco emérito da Paróquia Imaculada Conceição, na Vila Rezende CRÉDITO: Arquivo/Diocese de PiracicabaFaleceu na madrugada de ontem, 24, em Piracicaba, o pároco emérito da Paróquia Imaculada Conceição, Monsenhor Jorge Simão Miguel, o Padre Jorge, aos 94 anos. O velório acontece na matriz da Imaculada Conceição, no bairro Vila Rezende; as portas da igreja foram abertas para início do velório ao meio-dia de ontem. O município decretou luto oficial de três dias.
Nascido em Capivari, em 7 de maio de 1928, era filho de Simão Miguel e Adélia Miguel. Em fevereiro de 1943, ingressou no Seminário Diocesano de Campinas. Em 1949 transferiu-se para o Seminário Central do Ipiranga, em São Paulo, para estudar Filosofia e Teologia. Foi ordenado diácono em 20 de fevereiro de 1955, por Dom Antônio Siqueira, na capital paulista. No mesmo ano, foi ordenado sacerdote na Catedral de Santo Antônio.
Em janeiro de 1956 passou a trabalhar em Piracicaba. Por dois anos foi professor e ministro de disciplina no Seminário Diocesano Imaculada Conceição (o primeiro seminário da diocese). Além do trabalho no seminário, também auxiliava na Paróquia Imaculada Conceição e era capelão do mosteiro das Irmãs Carmelitas. A partir de 1958, passou a atuar como Vigário Coadjutor de Monsenhor Romário Pazzianotto; no ano seguinte, com o afastamento do Monsenhor Romário por motivo de doença, tornou-se Vigário Auxiliar.
Em 1960, foi nomeado pároco por Dom Ernesto, ofício que exerceu por mais de 46 anos. Entre as grandes realizações de seu paroquiato, destaca-se a construção da nova igreja matriz, que foi oficialmente inaugurada em 23 de setembro de 1972. Encerrou seu ofício de pároco no dia 26 de fevereiro de 2006, mas seguiu trabalhando na paróquia como pároco emérito e vigário-paroquial.
Em 1980, como homenagem a seu Jubileu de Prata Sacerdotal, foi nomeado Monsenhor Prelado de Honra de Sua Santidade, pelo Papa João Paulo II. Em 2002, o papa lhe concedeu o terceiro grau dos monsenhores, nomeando-o Monsenhor Protonotário Apostólico Supra-numerário. Monsenhor Jorge foi o único da diocese distinguido com essa alta honraria.
O prefeito Luciano Almeida lamentou a morte do monsenhor. “Piracicaba acordou mais triste hoje (ontem, 24) com a morte do monsenhor Jorge, uma das pessoas mais carismáticas dessa cidade. Um corintiano fanático, que dizia uma das frases mais bonitas que já ouvi: vão multiplicando que eu vou batizando. Era muito amoroso, simpático, uma pessoa muito querida que nos deixa aqui. Mas o seu legado permanece: uma pessoa do bem, que sempre quis o melhor pela nossa cidade. Que vá em paz e que seja tão feliz no céu quanto era em nossa cidade”.
Câmara emite nota de pesar pela morte do monsenhor Jorge Simão
A Mesa Diretora da Câmara Municipal de Piracicaba lamentou a morte do monsenhor Jorge Simão Miguel, aos 94 anos, na madrugada desta sexta-feira (24). O sacerdote foi reconhecido, há 55 anos, com o Título de Cidadão Piracicabano e o registro da homenagem está preservado pelo Setor de Gestão de Documentação e Arquivo. As fotos da ocasião estão disponíveis no sistema Atom – disponível no site oficial da Casa, www.camarapiracicaba.sp.gov.br.
O vice-presidente da Câmara, vereador Rerlison Rezende (PSDB), o Relinho, reconhece a perda para a cidade. “Era uma referência no meio religioso, muito querido por toda a comunidade piracicabana”, destaca, ao se manifestar em nome da Mesa. O presidente da Casa, vereador Wagner de Oliveira (Cidadania), o Wagnão, não pode se posicionar por estar hospitalizado.
A última homenagem concedida pela Câmara ao monsenhor ocorreu em 22 de junho de 2018, quando, na igreja matriz Imaculada Conceição, ele recebeu a Medalha de Mérito Legislativo, entregue pelo vereador Laércio Trevisan Jr. (PL), autor do projeto de decreto legislativo 55/2017.
Já a entrega do Título de Cidadão Piracicabano ocorreu em 23 de dezembro de 1968, no Teatro São José, por meio do decreto legislativo 6/1968, de 15 de julho daquele ano, assinado pelo então presidente Francisco Antonio Coelho.
A coleção de fotografias do sistema Atom traz 32 imagens, que foram identificadas e descritas com a ajuda do ex-vereador e ex-presidente da Casa Antônio Messias Galdino.
Diocese – Deixa um legado e está no coração dos piracicabanos, diz dom Devair
O bispo de Piracicaba, Dom Devair Araújo da Fonseca, comentou na o falecimento do monsenhor Jorge. “Certamente ele deixa um legado, um histórico de vida conhecido e reconhecido pelos piracicabanos. Ele viveu intensamente a sua vida ministerial, trabalhou muito sempre e por isso muitas pessoas carregam o monsenhor Jorge no coração, pelas palavras, pelos gestos e atitudes. É realmente como São Paulo diz: ‘Combati o bom combate, ganhei minha coroa’. De fato, monsenhor Jorge combateu o bom combate, viveu seu sacerdócio e, agora, nós confiamos a alma dele e todo seu trabalho e suas realizações ao coração de Deus”, afirmou o bispo.
Dom Devair presidirá a missa de corpo presente às 7 horas deste sábado (25). O velório e as celebrações “serão momentos para que o povo de Deus possa rezar e também se despedir do monsenhor Jorge”, disse. O bispo aproveitou para agradecer a todo reconhecimento e homenagens que são prestadas neste momento ao padre Jorge.
Alesp – Deputados se solidarizam com os piracicabanos
Os votos de pesar pelo passamento do Monsenhor Jorge Simão Miguel, ocorrido nessa sexta-feira, 24 de março, ficará registrado na Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo (Alesp). Uma homenagem a esse religioso, que marcou a história da cidade e a vida de muitos piracicabanos.
O requerimento foi protocolado pelo deputado Luiz Claudio Marcolino (PT) em coautoria com os deputados Alex de Madureira (PL), Professora Bebel (PT) e Helinho Zanatta (PSC).
“Nós lamentamos essa perda para o município e nos solidarizamos com a tristeza dos paroquianos da Paróquia Imaculada Conceição, da Vila Rezende, e de toda a população que admirava e acompanhava o excelente trabalho religioso e social promovido pelo Monsenhor Jorge, uma pessoa muito querida por todos os piracicabanos”, afirmou o deputado Marcolino.
REPERCUSSÃO
Ao longo de todo o dia de ontem, 24, diversas lideranças manifestaram pesar pelo falecimento de Monsenhor Jorge, reconhecido pelo carisma e dedicação à fé cristã.
“Recebo com extremo pesar a notícia da morte do monsenhor Jorge Simão Miguel, o nosso conhecido e estimado ‘padre’ Jorge. Não há em Piracicaba, independente de crença ou religião, alguém que não conheça o monsenhor Jorge, uma pessoa que dedicou sua vida aos ensinamentos cristãos. Ficamos ‘órfãos’ todos nós. É uma notícia que nos entristece muito, mas sabemos que agora ele está ao lado de Deus. Ele nos fará muita falta. Que siga em paz!” (Erick Gomes, presidente do Simespi)
“Um dia muito triste para Piracicaba. Perdemos o já saudoso monsenhor Jorge Simão Miguel, o eterno ‘Padre Jorge’. Figura histórica e folclórica da nossa cidade, ele nos deixou nesta madrugada, aos 94 anos. Sua devoção à fé cristã e o amor por Piracicaba jamais serão esquecidos. Obrigado, Padre Jorge.” (Barjas Negri, ex-prefeito de Piracicaba)
“É com pesar que recebemos a notícia do falecimento do Monsenhor Jorge Simão Miguel. Respeitado por toda comunidade foi um grande missionário e sua falta já é sentida por todos. Nossos sentimentos e orações pela sua alma. Descanse em paz, nobre amigo.” (Roberto Morais, ex-deputado estadual)
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Um ícone, amigo do professor, um defensor da educação
Professora Bebel
É com imensa tristeza que recebi nesta manhã de sexta-feira a notícia do falecimento do Monsenhor Jorge Simão Miguel, páraco emérito da Paróquia Imaculada Conceição, em Piracicaba. Nossa cidade está de luto! Padre Jorge era muito querido por toda comunidade, enfim um ícone na cidade, que tinha um carinho muito especial para com os professores, enfim, era um amigo do professor, um defensor da educação.
Padre Jorge Miguel Simão dizia que “a missão do professor é sublime, porque forma a criança, o jovem, o adulto, para que tenha uma vida com sentido, com uma bela educação, que é requerida pelo Nosso Senhor, o ‘Divino Mestre’. O professor desempenha a mesma tarefa de Jesus Cristo, de educar o povo, mas recebe muito menos do que merece”. Fará muita falta! Meus sentimentos aos familiares e amigos.
Professora Bebel, deputada estadual pelo PT e presidenta da Apeoesp.
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O nosso Jorge
Alex Madureira
E o nosso Jorge se foi para os braços do Senhor ao alvorecer da sexta feira. Seus pais emigraram de Beirute para o Brasil no final do século XIX, mercê das perseguições impostas aos católicos de lá, pela maioria muçulmana. Seu pai, também Simão, chegou ao Brasil em 1920, quando tínhamos pouco mais de “brimos” vivendo entre nós, especialmente no Estado de São Paulo. Como mascate, o velho Simão aportou na vizinha Capivari, casou-se com Adélia e por lá constituiu família, e criou os filhos. Entre eles, o quinto, Jorge Simão Miguel, o caçula, que nasceu em 7 de maio de 1928, quando os ponteiros da igreja matriz de São João Batista, da cidade soavam dez badaladas da manhã.
Da prole, só Jorge encontrou sua vida e profissão de fé na igreja católica, onde começou como coroinha na igreja ordenou-se padre, sucedendo dois irmãos que tentaram o mesmo caminho. Ele tinha 15 nos e foi encaminhado ao Seminário Diocesano de Campinas, onde efetuou os seus estudos. Entre seus professores, d. Aniger Francisco Maria Melilo, que anos depois viria a tornar-se bispo em Piracicaba e acolheu um dos seus mais brilhantes alunos, Jorge. Depois de 13 anos de estudos foi ordenado padre em Piracicaba no dia 8 de dezembro de 1955, dia consagrado da Nossa Senhora da Imaculada Conceição, que se tornou, mais adiante, sua casa pastoral e sua referência para os moradores de Vila Rezende e de inúmeros outros bairros da cidade. Da pequena capela no bairro, transformou-a em uma grande igreja. Em 6 de dezembro de 1960, foi consagrado pároco da igreja.
Um pouco depois noutro 8 de dezembro, mas de 1969, até o final de 2002, trabalhou na paróquia coo vigário. Depois, recebeu o título de “Monsenhor Prelado de honra de Sua Santidade” em 22 de janeiro de 1981 pelos seus 25 nos de sacerdócio naquele local. O título de Monsenhor vem da igreja católica a partir de 1303 da idade moderna.
Mas o nosso Jorge notabilizou-se também como concorrente de Santo Antonio, o designado Santo Casamenteiro, na tradição da igreja católica., segundo registros na cúria diocesana local, entre 1956 até 2019, ele oficializou 9.666 casamentos. Entre outros realizados em outras paróquias e cidades, pelos inúmeros amigos que conquistou durante a sua trajetória. Dentre eles, em especial, o do meu grande amigo José Coral, com dona Sonia Guastalli Coral. Coral me segredou dia desses, que em certa ocasião, quando se realizava uma festa em frente a antiga capela, Jorge lhe disse “tem uma tempestade chegando aí bem perto de você…corre atrás”. A tempestade tinha por nome Sonia Guastalli. E o santo casamenteiro oficializou o casamento dos filhos do casal, o batizado dos netos e, mais recentemente o casamento de uma das netas. Coral e d. Sonia que celebraram recentemente 50 aos de feliz união conjugal. Graças ao “empurrãozinho” nosso inestimado Monsenhor.
Minha única divergência com o amigo Monsenhor era o seu corintianismo exacerbado pois, agora lá no céu, terá tempo suficiente para conversar com o ex presidente corintiano, Vicente Matheus, que os deixou numa fila interminável de mais de 20 anos sem títulos no futebol paulista, por causa de um tal de Pelé. Entre outras tantas boas conversas que poderá ter com seus pais, irmãos, familiares milhares de amigos que certamente, deixou em Piracicaba na madrugada desta sexta-feira. Que o Senhor nosso Deus o acolha, em sua infinita bondade, e lhe reserve um bom espaço lá no céu, para que, com sua enorme alegria, continue a fazer o bem. Para os que nessa Terra se beneficiaram com a sua bondade, generosidade e sabedoria.
Alex Madureira, deputado estadual pelo PL.