José Renato Nalini
O ceticismo fez com que iniciativas de adoção de uma responsabilidade social das empresas derivasse em greenwashing. O uso falacioso de uma rotulagem ética, para a continuidade de práticas antiecológicas. Só que desta vez há uma diferença. Os eventos extremos são cada vez mais frequentes. Chegam a cada momento mais próximo de nós. É impossível deixar de observar o que tem acontecido no mundo todo e em nossa casa.
A legítima defesa da Terra passa por uma profunda conversão dos humanos. É mais do que urgente deixar o egocentrismo tolo, a desmedida ambição, a insanidade que já destruiu a maior parte de nossos biomas, para tentar reverter a tragédia que se avizinha a céleres passos.
É importante que a sigla ESG seja levada a sério em todos os espaços e por todas as pessoas. Importante, sim, venha a ser objeto de currículos escolares em todos os níveis. Mas é mais necessário ainda, seja introjetada na consciência cidadã e disseminada para absorção por toda a comunidade que se considera racional.
Soluções sustentáveis começam dentro de casa. Depende de cada um de nós gastar menos água, menos energia, produzir menos resíduo sólido. Plantar uma árvore está ao alcance de qualquer humano. Interessar-se pela logística reversa, inteirar-se do que já existe e do que ainda falta em economia circular, é algo que inverte a equação maldita que tem prevalecido até o momento. Utilizar-se da natureza como se fora um supermercado gratuito, do qual tudo se leva, nada se repõe.
A ideia de sustentabilidade é tão simples quanto sedutora: saber usar, não vai faltar. Qual a nossa contribuição pessoal para a disseminação e para a efetiva prática dessa filosofia salvífica?
A cidadania que se pretende participativa, que critica a política partidária – raiz de todos os males – tem a obrigação de exigir dos governos, em todos os níveis, que cumpram a Constituição da República em seu artigo 225, dispositivo que foi considerado a mais bela norma constitucional produzida no século 20. Mas o zelo e a preservação da natureza é para valer, não para enfeitar compêndios doutrinários e decisões judiciais.
Assuma-se ESG ou aguarde o caos. Ele não tem poupado no envio de recados de que está cada vez mais perto de nós.
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José Renato Nalini é Diretor-Geral da Uniregistral, docente da Pós-graduação da Uninove e Secretário-Geral da Academia Paulista de Letras