#FALAPAULOSOARES: “Profissionais do futuro”, – gerontólogos estão em busca de reconhecimento*

 

 

As estimativas têm se confirmado: o Brasil está envelhecendo. Já não é novidade para ninguém, mas é sempre bom ressaltar que, diante do novo comportamento das famílias – cada vez menores –, o País enfrenta uma nova configuração no cuidado com os idosos. E essa tendência confere ao gerontólogo – que atua com a pessoa idosa em sua mais ampla compreensão – um papel determinante na sociedade, que afeta, sobretudo, o mercado de trabalho. É o profissional do futuro!

Dados do IBGE mostram que o número de pessoas com mais de 60 anos já é superior ao de crianças com até nove anos de idade. Segundo o instituto, a população brasileira deve crescer até 2047, quando atingirá 233,2 milhões de pessoas. Nos anos seguintes esse número deve cair gradualmente, até chegar a 228,3 milhões em 2060.

Nesse cenário, a expectativa é de que o número de pessoas com 65 anos ou mais praticamente triplique, chegando a 58,2 milhões em 2060 – o equivalente a 25,5% da população. Para se ter uma ideia, em 2018, essa proporção era de 9,2%.

A importância deste profissional é tão grande que, no Congresso Nacional, está sendo discutido projeto de lei 334/2013 – que nasceu no Senado Federal, de autoria do senador Paulo Paim (PT-RS) e agora tramita na Câmara dos Deputados. O texto regulamenta a profissão de gerontólogo e ainda estabelece o dia 24 de março como o Dia do Gerontólogo – data escolhida por meio de eleição entre os associados da ABG (Associação Brasileira de Gerontologia) por ser a data de formatura dos primeiros graduados como bacharéis pela Universidade de São Paulo (USP).

O projeto restringe o exercício da profissão a pessoas diplomadas em gerontologia por estabelecimentos de ensino superior oficiais ou reconhecidos; tecnólogo em gerontologia; tecnólogo em gerontologia e desenvolvimento social, ou em curso similar no exterior, após a revalidação e registro do diploma nos órgãos competentes.

Como escrevi assim, a Gerontologia é a ciência que estuda o envelhecimento humano em suas diversas dimensões, conjugando, na prática, conceitos teóricos e conhecimentos de diferentes áreas. O autor do projeto no Senado esclarece que os profissionais da área atuam em planos de saúde, consultorias de preparação para aposentadoria, núcleos de convivência para idosos, hospitais-dia geriátricos, centros-dia e unidades de longa permanência para idosos.
Os habilitados podem ainda trabalhar na área da educação e se dedicar à pesquisa básica, inclusive sobre condições relacionadas a doenças frequentes entre idosos, como o mal de Alzheimer. Contudo, atividades que compreendem o diagnóstico e o tratamento das doenças são exclusivas dos médicos geriatras ou de outras especialidades médicas voltadas ao idoso.

Na Câmara dos Deputados, o projeto de lei agora é o 9003/2017 – data em que foi remetido à Casa, depois da aprovação no Senado. A tramitação segue na Comissão dos Direitos da Pessoa Idosa, onde o deve ser votado um parecer e o projeto encaminhado para as comissões de Seguridade Social e Família, depois de Trabalho, de Administração e Serviço Público e de Constituição e Justiça e de Cidadania.

Uma reportagem do site Nova Maturidade (www.novamaturidade.com.br), profissionais da área criticam o parecer da deputada federal Tereza Nelma (PSD-AL), que, embora tenha sido favorável ao texto, não faz a diferença entre ‘bacharéis’ e ‘tecnólogos’ da área – ela entende que a legislação brasileira reconhece o tecnólogo como ensino superior, então a divisão não se justifica.

Eva Bettine, representante da ABG, avaliou, nesta mesma reportagem, que o posicionamento da deputada é “incoerente” com a realidade ao equiparar bacharéis e tecnólogos. “Toda categoria de bacharéis e simpatizantes do movimento tem entrado em contato com parlamentares, com a mídia e a própria deputada, para demonstrar nosso descontentamento e também a falta de coerência. Na justificativa, ela declara as diferenças e concorda, depois muda totalmente”, ressalta.

Em que as discussões em torno do projeto – as quais são realizadas em seus espaços de diálogo –, é importante salientar que a função do gerontólogo é fundamental. Como muitos sabem, além do Caphiv (Centro de Apoio ao HIV/Aids, Sífilis e Hepatites Virais), também sou presidente e fundador da Casa Vovó Nice, um residencial definido como LPI (unidades de longa permanência para idosos).

Tenho o orgulho de saber que a Casa Vovó Nice é uma das poucas – e eu até afirmaria a única da cidade – que conta como uma profissional de gerontologia. E aqui, faço uma referência especial à profissional Karla Moura, que atua incansavelmente para manter a qualidade no atendimento dos nossos residentes.

Espero que, em breve, a profissão do gerontólogo seja reconhecida e que, com isso, essa carreira tão especial para a saúde do País seja valorizada, sendo praticada por cada vez mais pessoas engajadas em proporcionar qualidade de vida a quem tanto já se dedicou. Cuidar de pessoas idosas é uma profissão e que requer vocação.
Um viva aos Gerontólogos e Gerontólogas do País!

 

*Com informações da Agência Senado e da Câmara dos Deputados

 

 

Paulo Soares, presidente do Caphiv (Centro de Apoio ao HIV/Aids e Heptatites Virais).

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Rolar para cima