Caldeirão Político

LENGA-LENGA
Ex-presidente do Supremo Tribunal Federal, Joaquim Barbosa declarou, recentemente, voto em Lula no segundo turno da eleição de 2022 e tem crítico ferrenho à maneira como Jair Bolsonaro dialogo com sua base popular. “Aos evangélicos que não se deixam influenciar facilmente, digo: vocês estão sendo enganados e ludibriados. Sei do que estou falando. Conheço muita gente que está sendo ‘intoxicada’ pela lenga-lenga bolsonarista”, disse ele, que foi relator no STF do caso conhecido como ‘mensalão’.

 

JEFFERSON – I
Principal denunciante do caso conhecido como ‘mensalão’ – pelo qual também foi cassado – o ex-deputado federal Roberto Jefferson (PTB) protagonizou, no domingo, 23, um dos episódios mais dramáticos da Nova República: atirou com fuzis e granadas contra quatro policiais federais que foram cumprir uma ordem de prisão, expedida pelo presidente do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), Alexandre de Moraes, revogando a prisão domiciliar após Jefferson violar medidas da prisão domiciliar.

 

JEFFERSON – II
Em um primeiro momento, o presidente Jair Bolsonaro (PL) informou que o ministro da Justiça, Anderson Torres, iria na casa do ex-deputado, na cidade de Comendador Levy Gasparian, no interior do Rio de Janeiro, e deu indício de discordar da decisão de Moraes, ao dizer que “não havia inquérito no Ministério Público”. Jefferson é investigado em processo contra milícias digitais em que Moraes é o relator no STF.

 

JEFFERSON – III
A medida que o ato terrorista – sim, foi um ato terrorista contra agentes do Estado – foi se arrastando ao longo do domingo, Bolsonaro passou a adotar um tom de distanciamento de Jefferson, primeiro, ao dizer que “não tinha nenhuma foto com ele” (logo desmentido, com diversas tiradas no Planalto) e, mais tarde, ao chamar o, até então, aliado de “bandido”. Isso, inclusive, confundiu apoiadores do presidente.

 

JEFFERSON – IV
Embora inicialmente, a blogosfera bolsonarista tenha visto no crime de Jefferson uma “resistência” a pretensa arbitrariedade de Moraes contra o ex-deputado e alguns deles terem indo na casa do criminoso, onde agrediram um cinegrafista de uma TV afiliada da Rede Globo no interior do Rio de Janeiro, no final do dia a estratégia se inverteu e passou a ser de afastar a relação de Bolsonaro com o presidente de honra do PTB.

 

JEFFERSON – V
Mas o caso já havia produzido estragos consideráveis a essa estratégia. Um dos fatos determinantes é que o Padre Kelmon, que substituiu Jefferson como cabeça de chapa do PTB, foi até a casa do deputado “contribuir na negociação com a polícia”. Acontece que o “candidato padre”, como ficou conhecido, é famoso por ter feito uma dobradinha com Bolsonaro nos debates televisivos, deixando claro de que lado ele está.

 

JEFFERSON – VI
O episódio, além de evidenciar o grau de desrespeito ao Estado Democrático de Direito, serviu para o levante de diversas instituições do País em defesa das regras republicanas estabelecidas no País, dentre elas a ABERT (Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão), que repudiou as agressões sofridas pelo cinegrafista da afiliada da Globo, e o Sindicato dos Delegados da Polícia Civil do Estado de São Paulo), que se posicionou face à resistência à ordem de prisão, que deixou dois agentes feridos.

 

JEFFERSON – VII
Vale lembrar que, além de proferir xingamentos à ministra do STF, Carmém Lucia, o ex-deputado federal Roberto Jefferson violou outras medidas da prisão domiciliar, como manter constantes reuniões com membros do seu partido, o PTB, participar de lives nas mídias sociais e ainda compartilhar fake news contra a Suprema Corte.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Rolar para cima