Celebrar os 200 anos da Independência

Aldo Rebelo

 

Os 200 anos da Independência do Brasil é uma efeméride esquecida. A data magna, a data sublime da Pátria, foi desprezada pelo poder público, pelo  governo federal, pelos governos estaduais, pelo município. Em São Paulo, o berço da Independência, onde foi dado o Grito do Ipiranga, não há comemoração oficial.

O governo federal nada programou. Contentou-se com um desprezível ato de divisão do País –  ato esse que transforma o 7 de setembro em comício de uma facção política. Essa é a verdade. O Brasil celebra os 200 anos de sua Independência com manifestações muito aquém da própria comemoração dos 150 anos, celebrada em 1972, com muita reverência, patriotismo e amor.

A data cívica magna do País deveria ser festejada por todos. Deveria ser um momento de união do Brasil e dos brasileiros, e não usada para dividi-los. Nossa independência foi conquistada a duras penas. Iniciou-se  lá atrás, no fim do século XVIII, quando o vínculo com Portugal começou a se romper.

A partir da miscigenação e da adoção do português como língua oficial é que o Brasil deu os passos iniciais em direção a sua identidade nacional, a nascer e se expressar politicamente. Vieram as revoltas, como a de Vila Rica, em Minas Gerais, a dos Alfaiates, na Bahia, e a mais importante delas, a Conjuração Mineira, denominada de Inconfidência, também em Minas.

A grandeza da Conjuração foi a figura trágica e heroica de Joaquim José da Silva Xavier, o Tiradentes, que renunciou a tudo para libertar o Brasil do domínio de Portugal. “Dez vidas tivesse, dez vidas daria”, disse o nosso herói sobre a sua luta pela liberdade.

A vinda da família real para o Brasil, em 1808, foi outro passo decisivo para  Independência. Dom João VI parecia pressentir a nossa emancipação. Antes de retornar a Portugal, disse ao príncipe regente, Dom Pedro I: “Pedro, se o Brasil vier a se separar de Portugal, põe a coroa na sua cabeça, antes que algum aventureiro lance mão dela.”

E como esquecer a atuação de José Bonifácio de Andrada e Silva, o Patriarca da Independência?  Bonifácio, um republicano convicto, percebeu que a república, caso fosse instaurada, poderia esfacelar a unidade do Brasil. A permanência do imperador Dom Pedro I, no trono, era a garantia da manutenção da unidade do País longe do separatismo de caudilhos regionais.

Dom Pedro conseguiu então construir um acordo com os mais radicais republicanos, como Gonçalves Ledo e Evaristo da Veiga, e proclamar a Independência, manter o Brasil unido e preservar a integridade do território.

Sob a liderança desses dois grandes homens, Dom Pedro I e José Bonifácio, o Brasil conseguiu vencer, por mar e terra, Portugal, conquistando uma união que surpreendeu a comunidade internacional, acostumada a ver o País como unidades independentes entre si.

Por todo sacrifício despendido ao longo da nossa história, por todo suor e sangue derramados pelos que lutaram por um Brasil livre, é que nós deveríamos reverenciar e comemorar com imenso respeito o Dia da Independência do Brasil.

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Aldo Rebelo, jornalista, foi presidente da Câmara dos Deputados, ministro nas pastas de Coordenação Política e Relações Institucionais; do Esporte; da Ciência, Tecnologia e Inovação; e da Defesa.

 

 

 

 

 

 

 

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