Eleições 2022

José OsmirBertazzoni

 

Iniciamos a campanha eleitoral oficialmente na última terça-feira (16), com dois atos simbólicos dos dois principais candidatos. O atual presidente, Jair Bolsonaro, participou de uma manifestação em Juiz de Fora, em Minas Gerais, onde, em 2018, foi esfaqueado por um demente (esse fato até hoje ainda não foi explicado se verdadeiro ou mais uma farsa comum na política bolsonarista). Lula foi para uma fábrica da Volkswagen em São Bernardo do Campo, no interior de São Paulo, onde iniciou na política como dirigente sindical.

De origem humilde, migrou ainda criança de Pernambuco para São Paulo com sua família. Foi metalúrgico e sindicalista, época em que recebeu a alcunha de “Lula”, forma hipocorística de “Luís”. Durante a ditadura militar, liderou grandes greves de operários no ABC Paulista e ajudou a fundar o PT, em 1980, durante o processo de abertura política. Lula foi uma das principais lideranças do movimento Diretas Já, no período da redemocratização, quando iniciou sua carreira política.

Durante a passagem de Lula pelo governo, o Brasil mudou de cara e se tornou reconhecido e respeitado nacional e internacionalmente; período que um país, antes tomado pela miséria e pela fome, se transformou em uma das mais fortes economias globais com o pagamento de toda dívida externa braseira com o FMI (Fundo Monetário Internacional). Durante seus dois mandatos, empreendeu reformas e mudanças radicais que produziram transformações sociais e econômicas no Brasil, que triplicou seu PIB per capita e alcançou o grau de investimento. Na política externa, desempenhou um papel de destaque, incluindo atividades relacionadas ao programa nuclear do Irã, ao aquecimento global, ao Mercosul e aos BRICS. Lula foi considerado um dos políticos mais populares da história do Brasil e, enquanto presidente, foi um dos mais populares do mundo.

A primeira pesquisa publicada na quinta-feira, 18 de agosto, sobre intenção de voto nas próximas eleições, é do Instituto Datafolha. De acordo com o levantamento, Luiz Inácio Lula da Silva, do Partido dos Trabalhadores (PT), mantém 47% das intenções de voto, resultado inalterado em relação às duas pesquisas anteriores. O ex-presidente se confirma, portanto, como favorito sobre o atual presidente, Jair Bolsonaro, que melhorou sua intenção de voto em três pontos percentuais, de 29%, que tinha há um mês, para 32%, reduzindo assim a vantagem de Lula de 18 para 15. Pontos. Segundo o Datafolha, existe a possibilidade de o ex-presidente vencer as eleições no primeiro turno por uma pequena margem de 51%, enquanto Bolsonaro obteria 35% dos votos válidos.

Se, por outro lado, fôssemos para o segundo turno em 30 de outubro, Lula sairia melhor, com 54 por cento das preferências contra 37 por cento de Bolsonaro, enquanto a pesquisa de julho passado deu aos dois, respectivamente, 55 e 35 por cento em uma possível votação. Mesmo a última pesquisa divulgada confirma uma situação de extrema polarização entre os dois candidatos, de modo que as considerações a serem feitas são de que, enquanto Bolsonaro conseguiu reduzir a desvantagem em relação a Lula, na terceira posição Ciro Gomes se confirma com 7%, o ‘único que se destaca de um grupo de candidatos com cerca de 2 por cento. Levando em conta que, em maio passado, Lula estava à frente do atual presidente em 21 pontos, e que em julho sua vantagem foi reduzida para 18 pontos, a tendência de Bolsonaro de diminuir a distância de seu oponente parece se confirmar.

Este fenômeno pode ser explicado pelo fato de Bolsonaro ter introduzido, neste mês, aumentos na ajuda social de 400 para 600 reais de seu programa Auxílio Brasil, com o qual ele substituiu o Bolsa Família de Lula, graças ao qual o ex-presidente havia enviado,do governo, apoio a mais de vinte milhões de famílias pobres. O recente aumento é de 10 dólares por mês para o benefício da pobreza, embora seja limitado temporalmente para o final do ano.

As poucas semanas que antecedem a primeira rodada verão duas visões opostas do país colidirem. Bolsonaro, apoiado por parte das igrejas evangélicas das quais sua esposa Michelle é uma adepta fervorosa, vai agitar o espectro do comunismo, acusando o sistema de votação eletrônica de possível fraude em favor da esquerda. Foi neste sistema que ele e três de seus cinco filhos foram eleitos.

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José OsmirBertazzoni, advogado e jornalista

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