Francys Almeida
Uma das maiores polêmicas atualmente tem sido em torno das eleições de 2022, o sufrágio, ou seja, processo de escolha por votação dos candidatos a deputado estadual, deputado federal, senador, governador e presidente. Algumas lideranças religiosas tem imposto condições maniqueístas, pressionando os membros a votar obrigatoriamente nos candidatos “santos”, “conservadores”. Então seria pecado votar na esquerda?
Ao longo da história vemos que todas as vezes que a instituição religiosa se preocupa mais em dizer em quem deve governar do que em quem deve ser cuidado espiritualmente, se vê uma crise, me faz lembrar, por exemplo, Constantino, quando se converteu ao cristianismo por ocasião política e não de convicção pessoal.
O fato é que as ideologias religiosas têm-se preocupado em estabelecer elos entre o soberano e o seu povo, como forma de convencimento e garantia de submissão das comunidades políticas. O elemento religioso tem sido usado como freio e respaldo do poder político, líderes chegam a impor uma “guerra santa” onde não se escolhem propostas para a saúde, educação ou segurança.
A preocupação é com a religião, mas as coisas “de cima” Deus cuida delas, as coisas dos homens são resolvidas na democracia e no voto. Votar em quem tem a melhor proposta, em quem defende a vida, em quem se comove com a fome não é pecado.
O que é pecado é:
– Defender ditadura;
– Ironizar mortos em uma Pandemia;
– Usar o nome de Deus em projeto neofascista;
– Usar de poder financeiro para impor anseios pessoais, atropelando os mais necessitados.
Há muitas outras coisas que são “pecados”, mas escolher o seu candidato é individual e opção democrática.
Ainda assim, amando e respeitando a democracia, reitero o desafio que fiz em 2018 e até hoje não encontrei ninguém para contrapor ou refutar: é impossível um cristão apoiar Bolsonaro, tendo em vista suas falas e ações, que não lembram o Cristo (Messias, este, sim), mas sim o anticristo. Se há alguém em condições de refutar essa afirmação, aguardo para um debate.
Viva a democracia! Viva o Estado Laico e Democrático! Ame a Bíblia e conheça a Constituição, não seja tolo ou massa de manobra.
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Francys Almeida, advogado, militante político