Deliberado desrespeito ou manifesta ineficiência?

Comissão de Negociação Salarial

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Pouco antes de nós, servidores, aprovarmos a proposta da Prefeitura de parcelar nossa reposição inflacionária a perder de vista, o Prefeito, que é quem decide se temos reposição da inflação, havia ido à Rádio Educativa no dia 7 de julho e, numa entrevista para o jornal matutino da emissora, disse que gostaria de ter pagado o proposto já em julho e que não tinha feito porque o sindicato intransigente não aceitava a proposta e que nossa greve tinha sido eleitoreira.

Um dia depois de acatarmos a proposta em assembleia, o Prefeito soltou um comunicado no portal do servidor (lugar que só servidores têm acesso e que não é possível comentar) dizendo que a Procuradoria iria elaborar o projeto, que tem que ser aprovado pela Câmara para ter validade.

A primeira coisa a se pontuar é: se dependia só do nosso sim para que ele pagasse e ele, sabedor da necessidade do rito que passa pelo Legislativo, não teria já deixado o projeto pronto, no forno, esperando nosso sim, enviado o mesmo inclusive dentro do recesso solicitando a urgência, o que poderia ter levantado o recesso para votação da matéria? Pelo jeito não tinha o projeto pronto, ok.

Aí veio agosto, acabou o recesso e a gente tinha o entendimento que, depois que o sindicato e os servidores intransigentes acataram a proposta de receber a reposição salarial (não é aumento), o Prefeito, que fez a melhor proposta em anos (contém ironia) e que valoriza o servidor, ia protocolizar o Projeto de Lei no primeiro minuto que o protocolo da Câmara abrisse as portas no dia 1 de agosto, aniversário da cidade. Não aconteceu.

A gente, meio Poliana, quis crer que “ah, aniversário da cidade, outros anúncios importantes. Amanhã ele vai chegar junto lá com o projeto, mesmo porque não é um projeto que você precisa produzir do zero. Tem sempre um modelão meio que feito, que muda as datas, os índices, mas que no geral é meio ctrl c, ctrl v.” Nada! Chegou quinta-feira, mais uma nova sessão camarária e pim! Nada do projeto lá.  Nesta semana nada também.

Hoje já é sexta-feira, faz um mês que falamos sim para a proposta da Prefeitura. Pelo menos no que há de oficial no site do Poder Legislativo, e na Pauta da Ordem do Dia da próxima reunião ordinária, na segunda-feira, 15/08, não há nenhum projeto falando sobre o tema. Neste um mês, o nosso já defasadíssimo salário vai sendo corroído pela inflação, que cresce, cresce, cresce e nosso poder de compra cai, cai, cai.

Não é preciso nem dizer que a retórica governista de querer jogar a pecha de intransigente para nós servidores vai caindo por terra. Demonstra de fato que a comunicação infame efetuada durante o movimento grevista querendo transformar um pleito legítimo em discussão eleitoral queria só jogar a população e os colegas que não aderiram à greve contra nós. Não havia e não há compromisso em respeitar os servidores públicos, que são os responsáveis pela execução das políticas públicas.

Não há compromisso com a cidade e com os serviços oferecidos para a população, já que somos nós que damos aulas para as crianças, somos nós que oferecemos atividades físicas para a população, somos só que atendemos os doentes nas UPAS e UBS, somos nós que tratamos a água, somos nós que realizamos segurança pública, somos nós que fazemos assistência social.

Fica a pergunta que não quer calar: será uma ação deliberada de desrespeito mesmo ou a pura ineficiência de quem achava que só os técnicos da iniciativa privada é que sabem trabalhar?

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Integrantes da Comissão de Negociação Salarial – Adriano Bandeira, Alessandra Nunes, Alexandre Tobias, Gabriela Fidelis, José Osmir Bertazzoni, Renata Perazoli, Sabrina Rodrigues Bologna e Samantha Maniero

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