Da Dedini à ArcelorMittal, uma nova siderúrgica em Piracicaba

Barjas Negri

A Siderúrgica Dedini S. A. foi criada em 1955 numa área de oito alqueires na avenida 1º de Agosto, na Vila Rezende, começando com a montagem de uma laminação de vergalhões para a construção civil e iria aproveitar-se dos bons eventos da era JK (presidente Juscelino Kubitschek) com seu Plano de Metas. Em 1957, a empresa tinha 225 trabalhadores e produziu 16 mil toneladas de vergalhões.
Uma característica importante dessa siderúrgica é o seu aspecto ambiental, uma vez que utilizava sucata de material ferroso de inúmeras indústrias e caldeirarias de Pìracicaba e região, material que era reciclado e transformado em vergalhões para a construção civil de todo o Brasil. Essa característica incentivou e alavancou importante setor de serviços de material ferroso descartado, comprado por empresas, na época denominadas de ferro velho, que se articulavam com empresas transportadoras de porte médio.
Tratando-se de empresa produtora de bens intermediários, beneficiou-se dos vários ciclos expansivos da economia brasileira e, em especial, do denominado “milagre econômico brasileiro” do período de 1967/1973. A reciproca também foi verdadeira sentindo muito os efeitos nefastos dos períodos recessivos da economia, no pós-1980, quando ela teve taxas de crescimento pequenas associadas às elevadas taxas de inflação.
Com as dificuldades financeiras, o Grupo Dedini se descapitalizou levando em 1994 à venda de 49% das ações da siderúrgica para a Belgo Mineira. Até que, em 1997, vendeu os outros 51% de suas ações para a própria Belgo, que passou a controlar 100% de suas ações, iniciando um processo de reestruturação administrativa e de modernização tecnológica, com novos e expressivos investimentos.
No início dos anos 2.000, a Belgo Mineira já tinha capacidade de produzir 500 mil toneladas de vergalhões por ano e decide modernizar ainda mais e ampliar o seu parque produtivo, aprovando em 2003 um Plano de Investimentos de US$ 70 milhões, capaz de gerar 350 novos postos de trabalho e elevar a capacidade produtiva para 1,1 milhão de toneladas de vergalhões por ano.
Esse processo não foi fácil, uma vez que agentes públicos e da sociedade civil local, “em prol do meio ambiente”, colocaram dificuldades para a aprovação do Estudo de Impacto Ambiental e o Relatório de Impacto Ambiental (Eia-Rima). A falta de visão de algumas dessas pessoas que não compreenderam a expansão proposta que, ao invés de aumentar eventual poluição pelo aumento da produção, fazia exatamente o contrário, porque foram adquiridos e implantados novos e modernos equipamentos, adequados à legislação ambiental. Se havia alguma poluição, agora essa questão seria sanada.
Para a concretização desses investimentos, houve envolvimento de diversas autoridades estaduais e municipais e do governador do Estado, Geraldo Alckmin, que esteve na inauguração dessa expansão em abril de 2005. A partir daí, a ArcelorMittal passou a controlar a Belgo Mineira em todo o Brasil e sua unidade em Piracicaba tornou-se a mais importante para o aumento da renda e do ICMS gerado na cidade, além de dinamizar ainda mais o mercado se “sucata” ferrosa em toda região.
Na época dessa expansão e modernização, uma das compensações ambientais da ArcelorMittal foi a plantação de 40 mil mudas de árvores, com acompanhamento e manutenção por dois anos, que consolidou o Parque Natural de Santa Terezinha, local que conta hoje com a sede da Polícia Florestal Estadual.
Além disso, a Arcelor tem intenso trabalho social, ambiental e cultural na cidade, auxiliando financeiramente várias entidades, o Fumdeca, a Festa das Nações, ações de acuidade visual na rede pública de educação com a distribuição de óculos às crianças através do Fundo Social de Solidariedade de Piracicaba (FSSP) e, também, apoiando a proteção do meio ambiente. Portanto, dobrar sua produção para 1,1 milhão de toneladas de vergalhão por ano é equivalente a uma nova siderúrgica em P&igr ave;racicaba.

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Barjas Negri, ex-prefeito de Piracicaba

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