O sonho político: Piracicaba como o lugar do Direito e da Justiça

Adelino Francisco de Oliveira

 

Na celebração dos 255 anos de Piracicaba, guardamos ainda a utopia política de uma cidade que se levanta como o lugar do direito e da justiça, compondo um tempo futuro de democracia e de realização universal dos direitos de cidadania. Que Piracicaba seja esse território dos sonhos, capaz de desperta múltiplos encantos, tanto por sua geografia, suas colinas e o rio, quanto por sua história, cheia de memórias, por sua cultura pujante e pela generosidade de seu povo.

Celebrar aniversário é sempre uma oportunidade de rever escolhas e se reconstruir. Voltar os olhos para o passado, em um movimento de avaliação e autocrítica, ponderando sobre os acertos e os equívocos cometidos. Projetar o olhar para frente, perspectivando novas possibilidades para um futuro bem mais promissor. Compreender o passado é chave para se construir um futuro comprometido com a justiça e com o direito, em uma cidade atenta aos direitos humanos e que cuida da natureza.

História, memória e identidade! Na comemoração de seus 255 anos Piracicaba ainda precisa se reconciliar com sua verdadeira história, reconhecendo-se em uma identidade miscigenada e sincrética, sem medo de enxergar seu reflexo que espelha indígenas, negrose europeus. A visão de uma cidade plural, que preserva o meio ambiente, aberta a toda expressão de diversidade eprofundamente democrática, forjada a partir do encontro de tantos povos – indígenas, africanos e europeus –, deve acalentar os projetos de futuro para Piracicaba.

O rosto do povo e sua cultura pujante! Festejar o aniversário de uma Piracicaba profunda, que resiste a um perverso processo histórico, queinsiste em invisibilizar, nas comunidades periféricas, a sua identidade mais genuinamente brasileira. Uma Piracicaba na qual pulsa a força das tradições culturais populares, com seus ritmos, sabores, devoções e sincretismos. É tempo de recuperar e dar voz a essa Piracicaba que reflete a beleza de tantos rostos, tantos tons de pele, oriundos de todas as regiões do país.

O direito à cidade! Enquanto a cidade não se reconhecer a partir de sua plena pluralidade, relegando à sombra sua identidade mais profunda, popular e genuína, não conseguirá percorrer o caminho de integração tão urgente e necessário. Na dinâmica de uma democracia participativa, as contradições sociais devem ser expostas e enfrentadas com transparência. A reprodução de uma lógica de exclusão e negação identitária produzirá a intensificação das desigualdades sociais e maior desagregação no tecido social.

Naperspectiva de comemorar o seu aniversário, a cidade precisa olhar para o seu passado, com o senso crítico de justiça, reconhecendo tantos apagamentos de uma história que buscou excluir etnias e povos e também promoveu a degradação da natureza, dando vazão para uma limitada visão de progresso. Voltar os olhos para o futuro, na disposição de construir um projeto de cidade capaz de integrar as pessoas e a natureza, contemplando as dimensões de uma justiça social e ambiental.

Espaço da democracia e da cidadania! A memória histórica constitui dimensão fundamental para o desenvolvimento das sociedades.Conhecer o passado, entendendo seus avanços, limites e contradições, descortina-se como condição necessária para a construção de um futuro como superação.A cidade de Piracicaba, no dia 1 de agosto, celebra seus 255 anos. Que a data festiva possa ser também um motivo de reinvenção da cidade, assumindo o compromisso de implementar, localmente,a democracia mais plena, resguardando a todos e todas os direitos de cidadania.

 

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Adelino Francisco de Oliveira, professor; @profadelino13

 

 

 

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