Campanha – Julho Amarelo tem foco no diagnóstico da hepatite

Piracicaba foi a cidade pioneira na instituição da campanha Julho Amarelo. Foto: Fabrice Desmonts

A necessidade de diagnóstico precoce das hepatites virais foi exaltada durante o lançamento da campanha “Julho Amarelo”, promovido nesta sexta-feira (1) pela Câmara Municipal de Piracicaba em parceria com o Caphiv (Centro de Apoio HIV/AIDS e Hepatites Virais). Autor do requerimento 263/2022, que estabeleceu o evento, o vereador Pedro Kawai (PSDB) conduziu a abertura, realizada na sala de reuniões “Walter Francisco da Silva”, no segundo andar do prédio anexo da Câmara.

O Julho Amarelo foi idealizado com o objetivo de incentivar a prevenção, testagem e adesão ao tratamento de hepatites virais. Desde 2010, a Organização Mundial de Saúde (OMS) instituiu a data de 28 de Julho como o Dia Mundial de Luta Contra as Hepatites Virais. Piracicaba foi a cidade pioneira na instituição da campanha, em 2011. Através do decreto legislativo 8/2015, de autoria do ex-vereador João Manoel dos Santos, a data passou a integrar oficialmente o calendário de eventos do município.

A abertura também contou com um ato realizado em frente à sede do Poder Legislativo, cuja fachada recebeu uma faixa amarela. Uma vela amarela foi acesa e os participantes do evento fizeram um minuto de silêncio em memória das vítimas da hepatite. Em Piracicaba, a estimativa é que um número entre cinco e seis mil pessoas convivam com as hepatites B e C. No Brasil, são três milhões de infectados e cerca de 500 milhões no mundo.

O vereador Pedro Kawai (PSDB) destacou a importância de a Câmara integrar esse movimento de discussão de políticas públicas e das formas de conscientização e prevenção da doença. “A sociedade vive a era da informação e dispõe de muitas ferramentas que podem promover essa transformação”, colocou. “Temos que dar a chance para as pessoas conhecerem a doença e buscarem a prevenção e o diagnóstico para que alcancemos o bem-estar da sociedade”.

DIAGNÓSTICO – De acordo com o presidente do Caphiv e coordenador do Julho Amarelo, Paulo Soares, a campanha contará com a ampliação da divulgação da doença para incentivo ao diagnóstico precoce. Ele lembrou que a principal preocupação é com a hepatite C, que é a mais perigosa por não possuir vacina e porque, se não for tratada, pode provocar quadros graves como cirrose e câncer. O tratamento é feito através da administração de antivirais, que conseguem até 95% de índices de cura. Mesmo assim, a doença ainda causa 1,5 milhão mortes por ano no mundo, além da necessidade de intervenções mais complexas, como o transplante de fígado.

“Estamos aqui por mais um ano em prol da população”, afirmou Paulo Soares. “Este não é um ato comemorativo, mas é uma campanha para alertar a sociedade e para propagar as informações”. Ele lembrou que foi registrado um aumento de 20% dos casos de infecção por hepatite C no Brasil e no mundo e que é necessário ampliar a divulgação porque muitas pessoas nem sabem que são portadoras da doença, que pode permanecer silenciosa por décadas.

A segunda secretária do Conselho Municipal de Saúde, Denise Franco, também participou do evento e exaltou a necessidade de se divulgar as informações corretas para a população, assim como das formas de prevenção.

O coordenador do setor de Vigilância Epidemiológica da Secretaria de Saúde de Piracicaba, Moisés Taglieta, explicou que a rede pública de saúde dispõe de atendimento para as pessoas interessadas em fazer o diagnóstico. “Se a pessoa não tiver o diagnóstico, nunca vai fazer o tratamento. Precisamos tirar esse estigma para que as pessoas busquem o diagnóstico”, afirmou. Ele lembrou que devem buscar a testagem principalmente as pessoas acima de 45 anos, mesmo sem sintomas, já que, há algumas décadas, não se utilizavam os métodos atuais de esterilização de seringas e demais equipamentos médicos, gerando casos de infecção em situações como consultórios de dentistas e farmácias.

Para realizar o teste de hepatite C, basta procurar uma UBS (Unidade Básica de Saúde). Não há necessidade de pedido médico para se submeter ao exame. O Caphiv, localizado na rua Tiradentes, 404, também promove os testes. Em caso de resultado positivo, o órgão faz o encaminhamento do paciente para tratamento na rede municipal de saúde e presta todas as orientações necessárias.

Em relação à hepatite B, a recomendação é que se verifique a carteirinha de vacinação para averiguar se já foi feita a imunização. A rede municipal de saúde também pode ser procurada para ter acesso à vacina.

 

FORMAS DE TRANSMISSÃO

Hepatite A: A transmissão da hepatite A se dá principalmente através da ingestão de alimento ou água contaminada com o vírus. Assim, mantém direta relação com baixa qualidade da água ingerida, condições sanitárias precárias e práticas de higiene pessoal. O vírus da hepatite A causa uma infecção aguda, que na maioria das vezes o organismo consegue resolver sem a necessidade de nenhum tratamento específico. Está disponível no SUS a vacina contra hepatite A.

Hepatites B e C: As hepatites B e C são doenças crônicas que geralmente não apresentam sintomas numa fase inicial. Pode demorar anos para o surgimento de sintomas e, quando surgem, a doença já se encontra em fase avançada. Pode ser transmitida por meio de relações sexuais, contato com sangue contaminado e da mãe para o filho durante a gestação. A vacina contra a hepatite B faz parte do calendário de vacinação da criança e do adolescente e está disponível também para os adultos em todas as salas de vacina do Sistema Único de Saúde (SUS).

 

FORMAS DE PREVENÇÃO

Usar preservativo em todas as relações sexuais

Exigir materiais esterilizados ou descartáveis em estúdios de tatuagem e de piercings

Não compartilhar instrumentos de manicure e pedicure

Não usar lâminas de barbear ou de depilar de outras pessoas

Não compartilhar agulhas, seringas e equipamentos para drogas inaladas

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