Adequação da estrutura de ensino para uma educação mais assertiva

 

Douglas Yugi Koga

 

Muito se fala em educação e sobre a urgente necessidade de torná-la disponível a todos. Porém, compreender a complexidade do tema nos traz alguns paradigmas que precisamos vencer, antes de propor qualquer solução de curto prazo, pois educação é um investimento capaz de transformar um país para melhor ao longo de décadas e não de meses.

Naturalmente, poderíamos discorrer sobre aspectos técnicos da educação, mas deixaria isso para profissionais que dedicam a vida à pedagogia e ao ensino. O que gostaria de trazer à baila são os aspectos que dizem respeito às políticas públicas, para que possamos, ao longo dos anos, proporcionar oportunidades às nossas crianças e torná-las adultos aptos a compreender conceitos básicos, por exemplo, em exatas (e, com isso, sobre finanças), humanas (política e civilidade) e biológicas (nutrição e saúde).

Muitos de nós costumamos questionar o porquê de estudarmos determinadas matérias, que a nada parecem servir. Mas minha visão, em particular, é que servem para que aprendamos a estabelecer as conexões e sinapses entre as várias áreas do conhecimento, gerando o mais valioso dom propiciado ao ser humano, que é a curiosidade.

A compartimentalização técnica do conhecimento, tão necessária para que possamos organizar e classificar a sociedade na vida adulta, não deveria ser espelhada para a vida da criança em desenvolvimento. A mente e o corpo da criança têm uma alta capacidade de aprendizado, extraordinária habilidade na absorção de experiências e consegue promover uma preciosa conexão entre elas. Conforme o tempo passa, as vocações daquela pequena mente e seu corpo alinham-se e acabam determinando à qual área ela tem mais fortaleza. Assim, deveríamos incentivar essa tendência, para que consigamos formar em nossa sociedade não um time de iguais, nivelados medianamente, mas de gênios em cada área do saber.

Ninguém deveria ser induzido a aceitar o que não gosta. Exemplificando: o esforço, a energia e os recursos financeiros para alguém que tem talento nato para ensinar, mas é direcionado a se tornar técnico operacional, vão trazer miséria psicológica e desperdício na formação humana.

Então, torna-se necessário entender que é a partir da valorização da aptidão que surgem grandes talentos que rompem as fronteiras do conhecimento, surgem os líderes de bom caráter, os desbravadores alinhados à ética, os operadores técnicos de altíssimo desempenho e os tão valiosos professores, que transmitem conhecimento de forma entusiástica e contagiante.

Estamos em um momento em que deveríamos aproveitar a mudança da pirâmide etária brasileira — com nosso número de jovens se reduzindo para adequar-se às carreiras e à estrutura do ensino —, para valorizar cada pessoa como um indivíduo que não precisa ser moldado, mas apenas orientado ao seu melhor caminho e talento.

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Douglas Yugi Koga, médico, cirurgião do aparelho digestivo, preceptor de residentes do Hospital dos Fornecedores de Cana, diretor do Gastrocentro de Piracicaba, membro do corpo clínico da Unimed Piracicaba

 

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