A vitória da Educação e a derrocada do olavismo

 

Rai de Almeida

 

Piracicaba livrou-se de mais um vexame nacional quando, na quinta-feira, 30/06, foi rejeitado pela Câmara Municipal de Piracicaba o projeto de decreto legislativo que propunha a criação de, pasme-se, uma medalha de mérito estudantil que teria como patrono Olavo de Carvalho. Felizmente, por 11 votos a 6, a maioria dos vereadores e vereadoras não aprovou o projeto que associava o nome da Câmara auma figura pública notoriamente conhecida por ter levado a vida ofendendo as pessoas, proferindo palavras de baixo calão, deseducando, atacando a ciência, a educação e a escola.

Em tempos dedesinformação travestida de verdade, não foi pequena a luta de nosso gabinete no sentido de mostrar que homenagear Olavo de Carvalhoseria, mais do que um absurdo, uma verdadeira obscenidade. Exagero nosso? Infelizmente, não. Carvalho – pouco antes de morrer – foi condenado pela justiça a indenizar em 2,9 milhões ao cantor e compositor Caetano Veloso por danos morais. Na mesma linha, divulgou também em suas redes sociais uma promessa nojenta e obscena a Caetano (a qual não será, por motivos óbvios, transcrita aqui). Para além disso, importa também lembrar que Carvalho difundia ataques absurdos à ciência e ao conhecimento– pregando, por exemplo, que “Albert Einstein foi um farsante”, que “ Isaac Newton é portador de uma burrice formidável” e que “Galileu Galilei não passou de um charlatão”.

Dispostos a propor um outro nome que merecesse prefigurar em tal medalha como patrono – e que fosse, de fato, uma figura expoente no campo da educação (nacional e piracicabana) –, nosso mandato apresentou à Câmara um Substitutivo que indicava o nome de Luiz de Queiroz no lugar de Olavo de Carvalho. Nesse momento, os parlamentares que orbitavam em torno do “projeto Olavo de Carvalho” entraram em cena e, via Comissão de Legislação, Justiça e Redação, deram (lógico!) parecer contrário ao nosso Substitutivo.Na sequência, um dos vereadores dessa mesma comissãoapresentouProjeto de Decreto Legislativo semelhante ao nosso Substitutivo e que objetivava criar uma medalha de mérito estudantil “Luiz de Queiroz” destinada, por sua vez, a premiar alunos de graduação e pós-graduação. (Acredite se quiser!).

No meio desse tumultuado processo, surgiu em nosso auxílio a figura do professor doutor Sergio Moraes – físico e professor aposentado da Esalq. Reverberando coerência, ciência e educação, o professor Sergio não poupou esforços para mostrar a indecência de se pensar em oferecer uma medalha de mérito estudantilcom o nome de Carvalho e, didaticamente (numa série de artigos agora históricos publicados nesta Tribuna Piracicabana), expôs a necessidade de a Câmara aprovar nosso Substitutivo em prol da medalha Luiz de Queiroz. Junto ao professor Sergio, cabe registrar, outros professores e professoras (de outras instituições e escolas) também se levantaram e vieram somar esforços à nossa luta pela rejeição da medalha Olavo de Carvalho e em prol do nome de Luiz de Queiroz.

Após várias idas e vindas, os projetos e no nosso Substitutivo foram votados no dia 30. Infelizmente, nossa proposta não foi aprovada – e Luiz de Queiroz não dará nome a uma medalha de mérito estudantil destinada ao Ensino Médio. Vencedora foi a proposta que, correndo por fora, acabou por ultrapassar e derrotar àqueles que queriaajudar – e a medalha Luiz de Queiroz ficou com o ensino superior. Apesar disso, mais do que derrotado, o projeto da medalha Olavo de Carvalho foi vigorosamente rejeitado e agora é passado – um passado tenebroso, é verdade, assim como a promessa obscena de Olavo de Carvalho a Caetano.

Aliás, e em tempo, promessa e projeto prefiguram desde já na história das bobagens contemporâneas a que estamos assistindo nestes tempos e que, ainda bem, não estão se cumprindo. Sorte de Caetano. Sorte de Piracicaba. A ciência, a educação e o conhecimento venceram.

Rai de Almeida, vereadora do PT em Piracicaba

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