Rede Ruas Completas: requalificando os espaços públicos

Jane Franco Oliveira

 

Recentemente, apresentei ao prefeito Luciano Almeida e demais secretários municipais o projeto Rede Ruas Completas, que faz parte da Iniciativa Bloomberg para Segurança Global no Trânsito (BIGRS).

A proposta é reduzir acidentes e mortes no trânsito a partir da construção e readequação de vias e calçadas com foco na segurança e comodidade de todas as pessoas, priorizando usuários dos modos ativos, como caminhada e bicicleta. As ações estão alinhadas à meta da segunda Década de Ações para Segurança no Trânsito da ONU, de reduzir as mortes e lesões no trânsito em pelo menos 50% até 2030.

Para atender essa demanda, os projetos devem ser realizados considerando como premissa que a responsabilidade no trânsito é compartilhada entre quem utiliza as vias e quem projeta e implementa o espaço viário. As pessoas que utilizam o sistema viário vão cometer erros e a infraestrutura tem de ser projetada para que os erros não resultem em mortes e lesões.

As intervenções viárias propostas são inovadoras e mais baratas e rápidas do que as práticas normalmente realizadas. Utilizam sinalização horizontal e mobiliário urbano (bancos, vasos, mesas) para criar espaços agradáveis e integrados que permitem mobilidade mais adequada e qualificada para as pessoas.

O projeto Rede Ruas Completas, na sua versão paulista, foi constituído em 2021 e tem prazo de cinco anos para ser finalizado. Com a participação de Piracicaba e outras 19 cidades do estado de São Paulo, os participantes trocam experiências e passam por cursos de capacitação coordenados pela empresa WRI Brasil.
A equipe de Piracicaba, formada por técnicos do Departamento de Engenharia, da Secretaria Municipal de Mobilidade Urbana, Trânsito e Transportes, está participando dos grupos de Trabalho de Infraestrutura e Intervenções, tem como meta implantar pelo menos uma intervenção na cidade além de Planos e Políticas, grupo voltado para a criação de planos e diretrizes legais.

Os estudos iniciais da Semuttran envolvem os polos geradores de tráfego de maior relevância, como escolas e unidades de saúde. São locais de grande concentração de pessoas e veículos, que precisam de um cuidado especial para possibilitar uma mobilidade mais adequada e segura para todos.

Para os gestores públicos, é importante reconhecer que as melhorias esperadas pelos cidadãos dificilmente são alcançadas utilizando as práticas do passado. A realidade de Piracicaba mudou nas últimas décadas, exigindo uma nova forma de organizar a cidade.

Os conceitos são outros, a tecnologia vem auxiliando na tomada de decisões dos gestores que a cada dia vivem o desafio de somar propostas que resultem em segurança, conforto e fluidez.

Dentro desta perspectiva, Piracicaba participou do Fórum Nacional de Mobilidade Urbana, em Curitiba, onde gestores de diversos municípios do Brasil e de outros países, como Itália e Espanha, apresentaram as inovações e melhorias que estão fazendo a diferença nesse desafio.

Importante destacar que recentemente conseguimos implantar a tecnologia 4G no parque semafórico de Piracicaba, tecnologia essa já utilizada em outros países e municípios com selo de smartcity.

O projeto prevê nessa primeira etapa a possibilidade de alteração no controle dos tempos determinados previamente nos semáforos, reiniciação do sistema, entre outros, podendo ser ajustados conforme demanda ou ainda picos não previstos no dia a dia, tudo por meio de um toque.

A conectividade somada à inteligência dos sistemas irá aos poucos promover essa mudança e os diversos modais sentirão o impacto. A requalificação dos espaços públicos de convivência e movimentação segura e confortável para todos os segmentos envolvidos no trânsito já começa a ser tornar realidade.

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Jane Franco Oliveira, secretária de Mobilidade Urbana, Trânsito e Transportes (Semuttran)

 

 

 

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