Rui Cassavia Filho
“Em uma figura qualquer, o centro é o ponto que equidista, aproximadamente, de qualquer ponto pertencente ao perímetro. O centro de uma figura plana ou de um sólido corresponde ao seu centro de gravidade.”
A rua do Comércio foi assim chamada pelos vários “estabelecimentos” instalados ao longo de um caminho pouco retilíneo, mas bem definido, pisoteados pelos “animais de carga” e suas “carroças” abarrotadas de mercadorias diversas para os diversos moradores desta “terrinha” virtuosa.
Ao tempo suas “casas de comércio” se expandiam ao longo do trecho até que a pavimentaram, de modo que as “madames” de longos e pesados vestidos, pudessem andar e apreciar as vitrines, e suas “domésticas” pudessem, em curto espaço de tempo ou em sua viagem comercial, serem generosas ao cumprimento de uma tarefa “caseira” e rotineira.
Podia encontrar a linha de costura, o arroz, a agulha, o feijão, o leite, até o café moído na hora, e, se observasse bem encontraria no “estabelecimento” o botão do vestido, o lenço e talvez o tecido que a costureira da família o fizesse o mais belo ao olhar das mulheres e dos homens.
E, no seu entorno, na rua do Comércio floresceu a “riqueza” da sociedade da época embebecida pelo “café brasileiro” qual produziu “edificações” residenciais espetaculares, promovendo-a a rua Governador, ou do governador, inclusive com o espaço esportivo do “XV de Novembro”.
Depois, vieram os “bancos”, os “cinemas” , a “catedral”, a “praça”, a “fonte”, o “teatro”, e tantos outros empreendimentos capazes de trazer além da fé a alegria da comunidade.
Surgiu então o “Centro” das atenções humanas , aqui sociais, e das finanças, então econômicas, e assim o Centro Urbano, talvez o “cérebro da cidade”.
“Entende-se por centro urbano a região mais ativa de uma cidade, onde se concentra a atividade comercial e financeira. No Brasil, o centro urbano abriga geralmente o distrito-sede dos municípios, além dos bairros de seu entorno. Como exemplos de centros urbanos”
Mas, nesta terrinha, havia uma intensa comercialização de mercadorias e de lazer na rua do Porto, concentrando de um lado da margem o “cuscuz com peixe” e de outro lado o”engenho” produtor da economia local depois da barrocada do café.
O “café” que produziu o “Barão de Rezende” , depois a rua Rui Barbosa em homenagem ao jurista brasileiro que voo em Haia e aterrizou nos estabelecimentos comerciais produzindo um pequeno “centro” urbano; então nasce um braço do cérebro da cidade aqui uma centralidade urbana.
“Centralidades urbanas são locais com autonomia diante do restante da cidade, pois são capazes de oferecer a maioria das necessidades para uma pessoa. A diversidade de atividades como trabalho, moradia, educação, lazer e comércio atraem visitantes.”
Assim, o nosso “Centro”, aquele da terrinha, não pode ser destinado a moradia, especialmente popular, pois ela depende do desenvolvimento socio econômico da terrinha, e não pode, não porque quer mas porque não tem recursos para empreender .
Se objetiva o desenvolvimento sócio econômico da cidade é necessário “ver” as experiencias humanas e urbanas e simplesmente deduzir que os esforços socioeconômicos devem estar nas diversas centralidades urbanas desta terrinha, cheia de histórias, capazes de “produzir” encomias inovadores e diversas.
O surpreendente desenvolvimento técnico e econômico advindo pela exploração da agricultura local de produção de açúcar e álcool, com suas “máquinas” espetaculares mecanicamente perfeitas e hoje capaz até de produzir automóveis e outras para abrir suas estradas, automatizando sua produção e criando riquezas sem precedentes, produziu uma nova a centralidade urbana reconhecido pelo “Aglomerado Urbano” destinando a Região Metropolitana de Piracicaba.
O “Centro”, aqui da terrinha, deve ser destinado a uma nova economia inovadora desta nova tecnologia da informação, que tem sua velocidade a da luz e não das carroças que pavimentaram a rua Governador, destina-se a um Polo de Desenvolvimento Criativo.
_____
Rui Cassavia Filho, Gestor da Propriedade Imobiliária/Urbs