Divulgada há dois anos pelo governo federal e pelo então ministro da Infraestrutura Tarcísio de Freitas como um “marco histórico”, a renovação antecipada da concessão da ferrovia Malha Paulista está sob apuração do Ministério Público do TCU (Tribunal de Contas da União). Obras pactuadas por Tarcísio no contrato de concessão em Campinas e região nem sequer saíram do papel e outras estão atrasadas.
O órgão de controle apurou atrasos em obras que deveriam ter sido entregues em maio de 2021 e até mesmo importantes melhorias com entrega estipulada para o mês passado e que nem sequer começaram, inclusive na região de Campinas.
Entre as obras que não saíram do papel na concessão capitaneada por Tarcísio, estão: a implantação da segunda linha férrea em Cordeirópolis, Limeira, Americana e Itu; a implantação de solução de sistemas ferroviários em Mairinque, Itu, Salto, Indaiatuba, Campinas, Hortolândia, Sumaré, Nova Odessa, Americana e Limeira; e a implantação de passagens inferiores em Campinas e Salto, incluindo faixas rodoviárias, calçadas e iluminação.
O procedimento é conduzido pelo procurador Sérgio Ricardo Costa Caribé. A apuração foi aberta após denúncias contra o contrato de concessão do Ministério da Infraestrutura na gestão de Tarcísio com a empresa Rumo Malha Paulista (RMP), principalmente em relação a descumprimentos em obras de segurança. A Malha Paulista tem quase 2 mil km de extensão, entre os municípios de Santa Fé do Sul e Santos.
Em março passado, o procurador apontou que, após análise de informações prestadas pela ANTT (Agência Nacional dos Transportes Terrestres), nove intervenções com conclusão para maio do 2021 estavam atrasadas há quase um ano. O documento também aponta uma série de obras e serviços com entrega pactuada para maio de 2022, mas sem nenhum tipo de de execução até semanas antes do prazo.
Atualmente, o ex-ministro é pré-candidato bolsonarista ao governo de São Paulo mesmo sem nenhuma trajetória profissional em São Paulo ao longo de sua carreira. Carioca, ele morou e trabalhou em Brasília nos últimos 11 anos e transferiu o domicílio eleitoral para São Paulo apenas em fevereiro passado. Agora, declara ter residência em São José dos Campos.