Atentado no ônibus de Piracicaba

Camilo Irineu Quartarollo

 

Antes de tudo nossas condolências e homenagens aos heróis que puseram seus corpos na frente para tentar deter o homicida e pedir socorro. Nossa gratidão eterna pelas vidas que salvaram.

O ocorrido é tão traumático e próximo que a gente fica meio congelado na dor ao falar disso. Não é questão de explorar polêmicas, mas as pessoas públicas, as autoridades têm de se debruçar sobre o problema da segurança preventiva. A polícia agiu correta e eficientemente no local, mas o transporte coletivo deveria ter mais opções seguras nos terminais e dentro dos coletivos. Os usuários mais distantes de seu percurso de trabalho têm, necessariamente, de usar desse meio de transporte, sentados ou em pé, pelo bilhete pago, e caro – de preferência sentados e com segurança garantida.

O agressor entrou no Terminal Central e, ato contínuo,subiu incólume no ônibus portando uma faca cujo tamanho não se esconde, e ninguém para o deter.

A questão da existência do Cobrador de ônibus, figura antiga e folclórica, é dispensável pela catraca eletrônica, mas não seria o caso de algum profissional habilitado, treinado em defesa pessoal, para assegurar o tráfego tranquilo do coletivo?

Dificilmente o meliante passaria pelo detector de metais de um banco ou entraria em eventos com seguranças, não acredito que passasse pela fiscalização de um aeroporto, nem entrasse na Câmara Municipal desta cidade, com suas discussões intermináveis ou eventos importantes. Em segurança, a mera repressão atinge os efeitos do crime, mas a prevenção, mesmo despercebida, é o combate eficiente. A exemplo da prevenção, sabemos que figuras públicas e autoridades têm as suas bem resguardadas, servindo-se de meios eficazes e discretos.

Não se trata de “leões de chácara”, que são pessoas que se postam à porta de festas ou shows,impedindo tumultos. Refiro-me à vigilância, a qual nem precisa ser notada, mas presente e bem treinada. Há que se ter mecanismos de inibir o porte de arma branca ou não e, ademais, uma faca de açougueiro – que foi fotografada, a qual não se camufla facilmente.É assustador alguém entrar armado num ônibus. As reclamações dos usuários nas redes sociais foram tanto ao terminal mal vigiado quanto ao interior dos ônibus lotados em Piracicaba-SP.

A meu ver o cidadão deve andar desarmado, livre e com a proteção constitucional do Estado. O porte de armas devia ser aos que dela fazem uso profissional, como policiais e seguranças. Passou disso é problema. Mesmo na rua, com os ânimos exaltados a arma pode causar desgraça. Podem mesmo ser letais por motivos fúteis como ultrapassagens no trânsito, pelo susto de uma buzinada, dizeres publicitários em veículos e até mesmo por um olhar ou gesto de mãos.

O gestor público teria de colocar isso na pauta cívica – Armas não e, espíritos, desarmados. Infelizmente, até pelo principal mandatário do país faz apologia às armas.

 

 

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Camilo Irineu Quartarollo, escrevente, escritor, autor de crônicas, historietas, artigos e livros

 

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