Davi versus Golias

Márcia Scarpari De Giacomo

 

Não será novidade a menção de que a política de bem-estar social, o “Welfare State”, está em desmantelamento célere pela eleição das concepções liberalistas que ora é a supremacia no poder no Brasil. A questão é que esses conceitos têm criado rápidos mecanismos de infiltração em todos os setores sociais, desenvolvendo velozmente a destruição dos direitos humanos básicos, de forma exponencial. E, a olhos vistos, essa “desobrigação” do Estado tem causado a diminuição estarrecedora de padrões de qualidade de vida da população nacional com a precarização no universo laboral, a diminuição da assistência preventiva e de urgência na área da Saúde/Assistência Social e na negação a outros serviços básicos como a Educação e que levam ao surgimento cada vez maior de bolsões de miséria e fome e de classes totalmente colocadas a margem da sociedade brasileira.
Piracicaba não ficou atrás nessa condição e com essa administração, essa ideologia tem alçado voos cada vez mais altos, pois o nosso gestor parece não se contentar até atingir o retorno da sociedade estamental de pirâmide feudal do século X a XV, onde existia somente duas classes reais – os ricos e os pobres/servos. Falo isso, refletindo sobre os descasos de nosso prefeito para com os cidadãos piracicabanos, os quais têm se revelado cada vez mais escabrosos! Ora, para que roçar praças, asfaltar buracos das ruas, conceder verbas para melhoria do atendimento e reabertura de UPAs ou para consertos de ambulâncias, para que atendimento nutricional nas merendas das escolas ou instalação de restaurante para pessoas de baixa renda e para regularização de plano de habitação que atenda uma comunidade expressiva, para quê? Nosso burgomestre faz lembrar uma personagem dos anos 80 de Chico Anysio que dizia; “Odeio pobres, quero que os pobres se explodam”.
A queda de braço com os servidores públicos quanto a reposição salarial (que ocorre desde a greve deflagrada em primeiro de abril) também é prova do desmonte da vontade política no atendimento à população, já que o acolhimento da problemática na organização do município e das resoluções para as solicitações dos habitantes são de competência desses funcionários públicos, através dos serviços prestados nos diversos setores públicos. No entanto, utilizando de estratégias para abafar a manifestação, desanimar os envolvidos e enfraquecer a força do movimento, o prefeito mostrou muito bem sua boa articulação política com seus pares. Na Câmara Municipal, na votação ocorrida neste dia 29 de abril, com a derrubada de emenda que definiria melhor as condições para os servidores, foi percebido (e anotado) os parlamentares que estão a favor da população e aqueles que se colocam a favor da ideologia de desmonte do bem-estar social.
Estamos diante do épico heroico Davi e Golias e aguardaremos os próximos capítulos para verificar se irá se fazer similar ao desfecho histórico. Esperemos, sinceramente que sim e que tal desfecho se faça rapidamente, porque nesse mundo de incoerências e injustiças está muito difícil de se habitar, além de que, a dignidade de vida da categoria de servidores públicos anda por um fio!
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Márcia Scarpari De Giacomo, professora do Ensino Fundamental 1 – Mestre em Educação – Unesp de Rio Claro

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