José Osmir Bertazzoni
Aguerra está entrando todos os dias em nossas casas, no nosso trabalho e até mesmo em nossos momentos de lazer e descanso.
Em todos os noticiários nacionais e internacionais as principais notícias cambiaram das estatísticas da Covid-19 aos horrores da guerra da Ucrânia: estes, nós já conhecemos, são as mesmices de sempre; relatório dos assassinatos e abusos de civis, mulheres e crianças.
É fato historicamente comprovado que as mortes dos civis sempre superam as mortes de militares nas guerras, estes bem treinados e protegidos conseguem se esquivar (algumas vezes da fatalidade); importa em reafirmar que de 1939 até hoje as mortes de militares foram de 24 milhões contra 43.639.000 de civis, e uma reflexão mais trágica, nunca contabilizamos os feridos, os desaparecidos e os que morreram depois pelas repercussões (causas colateral) como a fome e a doença, sempre por causa da guerra.
Chegamos em casa unindo aos nossos familiares para o jantar e as imagens da guerra acompanham nossas refeições. Um pensamento me ocorre… somos realmente sortudos e os brasileiros são escolhidos por Deus? Podemos acompanhar o repórter piracicabano Roberto Cabrini e seus colegas enviados de guerra para termos uma pequena noção da violência das guerras, dos corpos humanos caídos ao chão, dos rios de sangue e dos destroços de equipamentos e edifícios em plena ruína.
Assim seguimos jantando e aprendendo todas as noites o nome de um lugar que nem sabíamos que existia antes: Kharkiv, Mariupol, Lugansk, Chernihiv, Sumy, Mikolayv, Zaporizhzhia, Dnipro… Meu Deus, temos muita sorte mesmo. Logo após os noticiários, um filme ou show de sucesso e as novelas se seguirão, esquecemos a tragédia humana.
Se não fosse as calúnias, injúrias, os ataques a honra e fake news que a nós incomodam, poder-nos-íamos, depois da digestão, adormecer sem que as sirenes de alarme nos acordem… aparentemente temos muita sorte.
Agora vamos comemorar: deixem essa gente, esses bichos e estas flores, não há mais importância, estamos vivos e nada mais interessa. Temos poder e esse planeta é todo nosso. Temos a Terra inteira e temos muita sorte.
Nós brasileiros que vivemos há centenas de anos em território de paz não nos acostumamos à guerra. Creio eu que nunca nos acostumaremos. Vivemos no Brasil, nos Estados e nos Municípios com problemas triviais, nosso quotidiano é pobre, mas feliz… nossa guerra é apenas contra a injustiça de vivermos em um país desigual e que maltrata seus filhos negros, pobres e sonhadores, pois em nossos vastos rincões a arma mais letal é silenciar nossas vozes e nos forçar as conviver com injustiças.
Guerrilheiros da paz é o que somos!
———
José Osmir Bertazzoni, advogado, jornalista, professa a fé Católica