O que é bem e o que é mal

Tarciso de Assis Jacintho

 

O que é o bem e o que é o mal? Essa pergunta crucial transcende o nosso tempo. A dúvida consiste na existência ou não de uma medida absoluta, final e inquestionável do bem e do mal. O que é relativo nestes conceitos tão profundos e caros a existência humana? O Maniqueísmo, uma filosofia religiosa idealizada pelo profeta e filósofo Maniqueu, que viveu na Pérsia do Séc. III, dividiu o mundo entre o bem, representado pela figura de um Deus, e o mal, pela figura do Diabo. Ele acreditava que toda matéria era intrinsicamente má, e o espírito, intrinsicamente bom.
Ao longo da história esse tema vem sendo debatido por filósofos e pensadores. Heráclito, afirmava que nós vemos os opostos (bem e mal) e Deus vê harmonia. Por sua vez Demócrito defendia que a bondade não é uma questão de ação; por sua vez depende do desejo interior do homem. O homem bom não é o que pratica o bem, mas o que deseja praticá-lo sempre. Já Protágoras afirmava: “O homem é a medida de todas as coisas” Cada um tem o direito de determinar, por si, o que é o bem e o que é o mal. Para Sócrates o mais elevado bem que se pode medir é o conhecimento. Para Platão o mundo dos sentidos é irreal, transitório e mutável. Eis o mal. O verdadeiro mundo das ideias puras e imutáveis é o do bem.
O bem é a atitude racional para com as sensações e os desejos, diz Aristóteles. Os Estóicos arrazoavam que o mais alto bem do homem está em agir em harmonia com o mundo.
Santo Agostinho defendia que o mal é ausência do bem, da mesma maneira que as trevas são a ausência da luz, e para Abelardo, a justiça e injustiça de um ato não estão no ato em si, porém na intenção de quem o pratica. Para Santo Tomás de Aquino, o mais elevado bem é a concretização de si mesmo conforme Deus ordenou. Já para o materialista Thomas Hobbes aquilo que agrada ao homem é bom e o que lhe causa dor ou desconforto é ruim. Por fim, para Espinosa o esforço de se preservar é um bem; o que entrava esse esforço é um mal e para Kant, se o agente pratica o ato com boas intenções, respeitando as leis morais, o ato é bom. Como vemos, os conceitos são variados e os imperativos muitos.
Quase 10 milhões de estudantes brasileiros estão em escolas sem condições básicas de infraestrutura, segundo levantamento do Comitê Técnico da Educação do Instituto Rui Barbosa, entidade que congrega os Tribunais de Contas Brasileiros, na base de dados do Censo Escolar de 2020. O presidente da república ao oficializar sua campanha à reeleição, embora pareça que desde sua primeira eleição esteja em campanha, afirmou que a disputa eleitoral é uma luta não entre esquerda e direita, mas sim entre o bem e o mal. Presumimos que ao afirmar isso ele assume o papel de capitão das hostes celestiais do bem, o que cria um paradoxo neste imperativo. As hostes ditas celestiais têm em suas fileiras entre outros santos, pastores lobistas de práticas discutíveis, ávidos por um naco da difusa verba da educação, degradadores do meio ambiente, defensores da ditadura e também aqueles que usando de vídeos falsos atribuem ao general das hostes do mal, uma consulta direta ao tinhoso, que é Pai da mentira. Um contra-senso. Isso sem contar que na foto dos aliados das hostes celestiais há também um sem número de condenados nos pecados do então exército do mal, quando este estava no poder. Infelizmente seria engraçado se trágico não fosse.
A despeito de qualquer paixão ideológica, e por mais ridícula que possa parecer essa afirmação ela é perigosa, pois na guerra como temos visto, não há diálogo, portanto não há vencedores em ambos os lados. Apenas escombros e inocentes mortos pelo chão. A Democracia pressupõe a discussão acirrada entre opositores e não a luta entre inimigos. As distorções, e elas são muitas são corrigidas pela alternância de poder. Nela há espaço para projetos a esquerda e a direita. Para progressistas e conservadores.
O evangelista Marcos escrevendo aos gregos relata o encontro de um jovem rico com Jesus. Eis o relato: “E, colocando-se Jesus a caminho, correu um homem ao seu encontro e, ajoelhando-se, indagou-lhe: “Bom Mestre! O que devo fazer para herdar a vida eterna?” Replicou-lhe Jesus: “Por que me chamas bom? Ninguém é bom, a não ser um, que é Deus!” Ele sabia e veio para nos ensinar que a bondade, então o bem não é apenas o contrário da maldade, logo o mal Bondade não é apenas o caráter de ser bom, A bondade se manifesta na prática, o que ele manifestaria na Cruz do Calvário morrendo por esse jovem, por mim e por você. Precisamos lutar contra toda maldade, entendendo que Cristo veio para trazer de volta a essência de Deus em nós. Deus é amor. Cuidado com aqueles que se alardeiam como bons.
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Tarciso de Assis Jacintho, administrador

 

 

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