Os movimentos religiosos devem ter uma participação na política?

Álvaro Vargas

 

Com o incremento da participação política por parte das seitas religiosas, conforme tem sido observado no Brasil, é previsível uma escalada do sectarismo já existente entre as religiões, e a formação de “bancadas políticas”, defendendo questões específicas das suas doutrinas religiosas, sem considerar o interesse comum da sociedade. Todas as religiões são importantes, mas considerando o homem intelectualizado do século atual que necessita de uma fé raciocinada, a opção mais eletiva é o Espiritismo. Embora não seja uma religião institucionalizada, o é no aspecto de colaborar na ligação do indivíduo com Deus. Cumprindo a promessa de que voltaria e enviaria outro Consolador (João, 14:15-17), Jesus retornou como o Espírito da Verdade, e através dos médiuns revelou o Espiritismo. As informações contidas nas obras básicas codificadas por Allan Kardec, associadas a centenas de obras publicadas por renomados médiuns, servem de base para catalisar a necessária reforma moral de todos aqueles que tenham a predisposição para conhecê-la. Embora livres para decidir de acordo com o livre arbítrio que nos foi concedido por Deus, somos responsáveis pelas escolhas realizadas. Lamentavelmente, parcela expressiva dos indivíduos que seguem a sua fé religiosa, mesmo os que atendem semanalmente ao seu templo de devoção, acreditam-se, equivocadamente, que estão justificados perante a Deus. Conhecer os ensinamentos de Jesus não confere elevação moral ao indivíduo. Apenas a vivência cristã, transformando-se moralmente, caracteriza-o como um verdadeiro cristão.
Temos o dever cívico de cumprir as leis vigentes, e podemos participar de todas as atividades políticas partidárias, desde que em local adequado e civilizadamente. Importante recordar, que o cristão, ou aqueles que professam outra fé religiosa, devem ter coerência em relação aos postulados morais de sua crença e as filosofias políticas e, refutar conceitos que denigrem os valores morais da sociedade. Nesse contexto, é importante recordar que os fundamentos do cristianismo se contrapõem veementemente às filosofias materialistas e, as ações antissociais que atentem contra a moral cristã, perpetradas por indivíduos influenciados por espíritos obsessores que buscam obstaculizar o progresso moral da Terra. Entre essas atividades, citamos a agressão física e verbal contra as pessoas, a invasão e depredação do patrimônio público e privado, as manifestações políticas que possam atentar contra a vida humana (pena de morte e aborto), as agressões morais, contra a instituição familiar, a transformação de um crime hediondo como a pedofilia em opção sexual e, a tentativa de desvirtuamento da sexualidade das crianças (ideologia de gênero). Além disso, há ainda os ataques vulgares como os que ocorreram contra a figura de Jesus, como artigos em jornais e filmes questionando a sua sexualidade, sem perder de vista os desfiles durante o carnaval, em que mostravam o Mestre nazareno sendo agredido por policiais e por Satanás.
Analisando a história, o envolvimento da igreja com o estado foi desastroso. Um exemplo foi o cristianismo primitivo, quando se tornou a religião oficial do império romano e mesclou a pureza dos ensinos de Jesus com os rituais politeístas que existiam na época. Mesmo o movimento reformista não conseguiu resgatar totalmente a pureza dessa doutrina. Como consequência, ao longo dos séculos, tivemos uma sequência de guerras quase interruptas no planeta, culminando com as duas Grandes Guerras Mundiais. Caso os dignitários das igrejas estivessem cumprindo com o seu papel, evangelizando o homem ao invés de buscar o poder temporal, a belicosidade humana poderia pelo menos ter sido atenuada. O correto é um estado laico, em que os indivíduos professem a crença em suas igrejas, fortalecendo-se nos aspectos éticos e morais de suas doutrinas, de modo a participarem politicamente em todas as questões relativas ao bem comum da população.

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Alvaro Vargas, engenheiro agrônomo-Ph.D., presidente da USE-Piracicaba, palestrante e radialista espírita

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