Eloah Margoni
Há semanas li excelente artigo da vereadora Sílvia Morales, discorrendo sobre a importância dos espaços públicos da cidade em múltiplos aspectos, os quais incluem segurança, bem estar da população e salubridade. Tenho mesmo pra mim que foi apenas por isso que o parque da Rua do Porto, João Herrmann Neto, foi reaberto em seguida depois de vários meses fechado, pois a vereadora abordou de modo direto também esse ponto, no seu escrito. E por que esteve fechado o parque, importante local de exercícios e de lazer que é? Por razões pífias, questionáveis, pouco claras. Enfim, esfarrapadas.
A mídia noticiou que se faria um experimento com carrapaticida biológico no local, o que por si só gera questionamentos: Que produto usado é esse? Está aprovado pela ANVISA? Quem o produz e aplica? A população foi consultada sobre o assunto ou repetiremos a saga do mosquito transgênico que, de início, nem aprovação da ANVISA tinha e nos foi impingido?
O monstrengo de anos passados foi chamado de “Aedes do Bem”, sem que ninguém garantisse com certeza se o era mesmo e para quem exatamente o bem. Isso porque em questões de transgenia, vale com especial destaque o Princípio da Precaução, que tem força de lei. É simples: havendo um pingo de dúvida sobre perigo ao meio ambiente (e a pessoas), que não se faça. Mas foi feito, mesmo com oposição de entidades e de especialistas. Agora esse tal carrapaticida misterioso…
Também foi dito que se escolhera aquele local por ser área fechada. E daí? Significa então que o produto é perigoso para animais e pessoas? Senão por que o local teria de ser proibido à frequência por tanto tempo? E os bichos de lá não seriam afetados? Depois a população foi, com tal medida, ”empurrada” com empenho para a Av. Cruzeiro do Sul, onde certamente há carrapatos; isso para caminhadas. Haverá gente minimamente preocupada em respeitar a população em toda sua complexidade, e dela cuidar?
Mas o parque finalmente se abriu! Não sem antes ser feita uma poda em regra e, a nosso ver, bastante desnecessária das pobres árvores do local, reduzindo-as, minguando-as e encolhendo as sombras que produziam, e tal sem propósito racional convincente. Enquanto isso, mato cresce por todo lado da cidade. Recebi resposta do 156 a um pedido de capina feito, a saber: “que não existe empresa contratada para tal trabalho e que se verá se há orçamento para esse tipo de licitação”. Agora, IPTU a gente paga, né? E com salgado aumento.
Teria sido boa ideia que, ao invés de detonarem as árvores do parque João Herrmann Neto, fizessem o trabalho de capinação necessário (manual atenção! que capina química é proibida, relembremos) e o qual a população tanto pede e aguarda.
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Eloah Margoni, médica e ambientalista.