José Antonio P. Franco
Às vésperas de comemorar seu centenário em 29 de julho de 2022, a Estação da Paulista é um dos grandes símbolos da formação histórica da cidade de Piracicaba. Primeiro pelo seu pioneirismo entre os municípios da região e sua ligação com São Paulo.
De acordo com o IHGP (Instituto Histórico e Geográfico de Piracicaba), o ramal de Piracicaba foi idealizado desde o fim de século 19, para ligar Limeira a Piracicaba, mas só começou a ser construído em 1916 pela Cia. Paulista, saindo de Recanto, uma pequena estação logo após Nova Odessa. Em 1917 chegou a Santa Barbara para se prolongar só em 1922 até Piracicaba. O ramal tinha bitola larga e não se ligava com o ramal do mesmo nome, da Sorocabana, cruzando-se na entrada da cidade em desnível.
Ainda segundo o IHGP, a estação de Piracicaba Paulista foi construída em terreno doado por João Baptista da Rocha Conceição, dono da fazenda Algodoal, que também doou o terreno para a construção do Matadouro Municipal, no Algodoal, onde hoje está a sede da Emdhap (Empresa Municipal de Habitação de Piracicaba). O nome da estação tinha a terminação “Paulista” justamente para diferenciá-la da estação da Sorocabana, situada no centro da cidade, onde hoje fica o Terminal Central de Integração (TCI).
No aspecto do transporte de passageiros, trouxe e levou milhares de pessoas a nossa cidade para passeios e negócios. Trouxe e levou sonhos. Fez história quando levou jovens piracicabanos para o front da Revolução Constitucionalista de 1932.
No aspecto econômico, foi uma das grandes responsáveis pelo transporte de centenas de milhares de sacos de açúcar produzidos no nosso Engenho Central, base igualmente histórica para a formação da economia e das riquezas que emergiram do nosso solo, revelando a capacidade empreendedora do empresariado piracicabano e dos seus trabalhadores.
Nos últimos anos, contudo, o Parque da Estação da Paulista transformou-se num desafio moderno para a renovação das energias humanas. Com suas caminhadas diárias, moradores do entorno do centro e da Paulista, entre outros, recarregam suas baterias vitais em milhares de voltas dadas por lá.
Os antigos armazéns, onde eram guardados sacas de açúcar e outros bens produzidos na cidade e exportados para a capital e para o exterior, passaram a abrigar 500 crianças e jovens participantes do Projeto Guri, mantido pelo Governo do Estado de São Paulo, em parceria com a Prefeitura, para a iniciação na formação musical dos nossos jovens.
Além disso, o espaço tem sido reservado a apresentações culturais de várias tendências, abrigando reuniões comunitárias ou empresariais, cumprindo igualmente sua função didática, cultural e de acolhimento.
Vale destacar ainda nossas parcerias com a Secretaria Municipal de Defesa do Meio Ambiente (Sedema) e Secretaria Municipal de Assistência e Desenvolvimento Social (Smads), que ajudam a manter limpos e bem cuidados os nossos espaços e mantêm o núcleo de apoios a grupos da Terceira Idade, respectivamente.
Estamos iniciando nestes primeiros dias de janeiro de 2022 uma articulação interna na Secretaria Municipal da Ação Cultural (Semac), que visa elaborarmos uma programação condigna destes 100 anos a serem comemorados como forma de gratidão a este espaço que já faz parte da nossa história.
A sua revitalização física, com reformas e pinturas, já está sendo planejada pela Semob (Secretaria Municipal de Obras), cabendo à Semac a programação cultural. Vinte e nove de junho está logo ali.
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José Antonio Pereira Franco é diretor da Estação da Paulista