A insanidade de uma guerra

Pedro Kawai

 

Cresci ouvindo histórias de como as bombas lançadas contra Hiroshima e Nagasaki, durante a Segunda Guerra Mundial, devastaram o Japão. Até hoje essas cicatrizes sangram para o povo japonês e os ajudam a não se esquecer que a guerra nunca deveria ser uma opção.

Alguns dias atrás, o episódio da apologia ao nazismo, feita por um influenciador digital repercutiu dentro e fora do Brasil, trazendo de volta, às nossas memórias, os horrores do holocausto e o genocídio de cerca de 6 milhões de judeus.

A sociedade se constituiu em guerras. A busca pelo poder e pelo domínio está no DNA humano, e remonta aos homens das cavernas. Há uma impressionante obsessão por ser mais, por ter mais, por ganhar mais, por aparecer mais, por conquistar mais, como se isso fosse capaz de tornar uma pessoa melhor ou maior que seu semelhante.

Como cristão, sempre acreditei que somos todos iguais perante Deus. A propósito, é esta a frase escrita no portão de entrada do Cemitério da Saudade, embora muitos só se deem conta dessa verdade, diante de um sofrimento, ou da proximidade da morte.

Então, se todos somos iguais perante Deus e perante a Lei, o que pode explicar a ocorrência de uma guerra, como a que se iniciou recentemente, entre Rússia e Ucrânia? Exatamente as mesmas razões de todas as outras guerras: poder e domínio.

Ao sinalizar sua posição em integrar-se à OTAN (Organização do Tratado do Atlântico Norte), a Ucrânia acendeu a luz vermelha para a Rússia, que teme o avanço do domínio dos países com alinhamento político com os Estados Unidos.

Na Segunda Guerra Mundial, os Estados Unidos e a antiga União Soviética uniram-se para combater o nazismo. Com o fim da guerra, cada um foi para o seu lado, iniciando uma disputa ideológica e uma guerra de nervos por décadas, sem um tiro sequer, a chamada Guerra Fria.

Com a queda do Muro de Berlim, que foi o símbolo da polarização entre as duas maiores potências mundiais, acaba a Guerra Fria e, dois anos depois, a União Soviética deixa de existir, dando lugar a estados teoricamente independentes. E é exatamente em defesa dessa independência que, hoje, a Ucrânia, com o apoio dos Estados Unidos e dos países membros da OTAN, luta contra a opressão da Rússia, aliada incondicional da China. Ora, então a guerra, é, de fato, entre Estados Unidos e Rússia.

É isso o que está em jogo. O domínio e o poder, o desejo de ganhar e o medo de perder. Perder espaço na economia mundial, perder o protagonismo em ciência e tecnologia e, até mesmo, na disputa espacial. Mas essa guerra tem um preço, que é muito doloroso para as famílias de ambos os lados. O preço dessa briga insana, são as vidas humanas, as famílias separadas, os órfãos, a dor de ter a história de uma vida inteira deixada para trás em busca de um novo começo, a falta de liberdade, e os pesadelos que tiram o sono dos inocentes.

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Pedro Kawai (PSDB) é vereador e membro do Parlamento Metropolitano de Piracicaba

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