Antônio Lara
No século XV, o frade agostiniano, João Gregório, considerou o orgulho, a inveja e em particular o ódio, como armas do demônio, e mais ainda, que o ódio gera a mais absoluta falta de empatia, justamente por sê-lo cego e insensível ao sofrimento alheio. Não obstante tudo isto, somos obrigados a reconhecer que se trata de um sentimento primitivo quanto o amor, este sim, indispensável ao nosso convívio social.
Ainda assim, e em escala planetária, o ódio tem sido frequente, e neste particular, poderíamos citar dois dos mais odientos exemplos: 01 – as bombas atômicas lançadas sobre as cidades de Nagasaki e Hiroxima e 02, o atentado de 11 de setembro de 2001, sobre as torres gêmeas, na cidade de Nova York. Resumo: pessoas fanaticamente movidas pelo ódio, não respeita nem mesmo a mais inocente das crianças posto que, seu combustível é a ira.
A despeito dos mais destacados humanistas oporem-se ao ódio, e por mais que esclareçam as suas gravíssimas consequências, o mesmo continua resistindo, chegando-nos a dar a impressão que tal sentimento jamais terá fim. Não apenas pelo poder que conseguiu alcançar e sim pelos milhões de mortes que já promoveu, os odientos carregam dentro de si algo assemelhado ao ódio que brotou no genocida Adolf Hitler. A propósito, ainda existem pessoas que o tem como referência.
No mundo, e em especial, no nosso país, nosso ambiente político encontra-se contaminado pelo ódio, como se não vivêssemos numa democracia sob a forma de República. A propósito, as nossas últimas eleições, e muito provavelmente as próximas, deram-se e se darão, a base das mais grotescas agressões, nas quais, o ódio, ao que tudo nos leva a crer, será levado ao paroxismo.
Bons tempos eram aqueles que as disputas pelos nossos poderes se davam como resultados da nossa soberania popular, das urnas, e a partir de então, os disputantes não se tornavam inimigos. Tais tempos já se formam, e a provar que sim, os eleitos, antes mesmo de tomarem posse para exercer o poder, moral e politicamente, já se encontram com suas reputações submetidas aos mais virulentos e odientos assassinatos.
A se confirmar o que as pesquisas eleitorais vêm anunciando, se não podemos afirmar quem irá nos presidir no quadriênio 2022/2026, as probabilidades sugerem que o vencedor será o ex-presidente Lula da Silva ou o próprio presidente Jair Bolsonaro, porém, partindo-se da linguagem rasteira e odiosa que os próprios ou suas torcidas apregoam, o eleito será um genocida ou um ladrão de nove dedos. Isto é produto do ódio que passou a predominar no nosso ambiente político, contra o qual discordo.
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Antônio Lara, articulista. E-mail: a[email protected].