Como superar a dor da separação causada pela morte?

Alvaro Vargas

 

Antiga estória de autor desconhecido descreve a situação de um rico comerciante que após longa viagem a terras distantes, regressou ao lar. Saudoso da família, após a recepção da esposa, perguntou ansioso pelos filhos. Ela, então, confidenciou-lhe que antes disso, necessitava com urgência da orientação dele para resolver uma situação muito difícil. Esclareceu haver recebido a incumbência de um senhor muito poderoso, a missão de guardar e manter em segurança, três pedras preciosas. Entretanto, por serem gemas tão lindas, a elas se apegou perdidamente. Agora, convidada a devolvê-las, não se sentia inclinada a fazê-lo. O marido, homem honesto e severo, imediatamente repreendeu-a pela leviandade, mencionando que legalmente as joias não lhe pertenciam, sendo o seu dever, restituí-las ao legítimo proprietário. A esposa aproveitou para esclarecer que as pedras preciosas eram os três filhos do casal, e Deus, que os havia “emprestado”, e solicitou a sua devolução. Explicou que ocorrera um acidente, e as crianças ao se banharem em um rio da região se afogaram. O marido logo compreendeu a sutileza da esposa tentando atenuar a dor da separação e a dificuldade que ambos enfrentariam para se desapegar dos filhos que tanto amavam.

Nossa alma imortal apenas deixa a Terra para ser acolhida no mundo espiritual, onde a vida prossegue de maneira muito mais estuante. Embora todas as religiões nos consolem, durante os momentos de aflição, o Espiritismo, mesmo não sendo uma religião institucionalizada, é a que melhor cumpre esse papel, ao esclarecer sobre o nosso destino após a morte biológica. Doutrina que apresenta os mesmos valores morais das demais crenças cristãs, ao utilizar-se dos médiuns para as comunicações entre o plano físico e o além, fornece informações ricas em detalhes sobre o que acontece quando regressamos para a erraticidade. Por conseguinte, consola efetivamente todos aqui na Terra, que se encontram separados dos seus entes queridos, ao instruir que eles continuam vivos e em situações melhores do que quando se encontravam encarnados, desde que tenham regressado em paz com as suas consciências. Os que partiram, concluíram a tarefa designada por Deus na escola terrena, e agora no mundo espiritual, trabalham e estudam, aguardando uma nova oportunidade reencarnatória. Os laços do amor são eternos e todos aqueles que se amam irão se reencontrar novamente na erraticidade, e posteriormente, voltam ao corpo físico, para formar novas famílias, conforme a lei de progresso que rege o nosso processo evolutivo. Portanto, é saudável sentir saudades daqueles que se foram, mas os sentimentos de tristeza, revolta e lamentações, são extremamente negativos, perturbando-os e em nada colaborando para a sua adaptação no mundo espiritual.

Embora não possamos vê-los, os espíritos nos veem e nos assistem na medida do possível. Quando dormimos, temos a oportunidade de estar fisicamente com eles através do fenômeno da expansão da alma (viagem astral). Dessa forma, se amamos alguém, poderemos visitá-los, mesmo habitando dois planos de vida diferentes. No entanto, para que esse desdobramento espiritual tenha êxito, é necessário ter resignação perante a partida daqueles que amamos, cultivando a fé em Deus e vivenciando as virtudes do amor e da caridade, conforme ensinados por Jesus. Essa postura perante a vida, diminui a densidade do nosso perispírito, facilitando a viagem astral rumo aos planos espirituais superiores. Para a nossa segurança, existe um bloqueio mental que não permite a lembrança plena do que ocorre nesses desdobramentos. Caso contrário, não daríamos atenção as experiências terrenas. Apesar disso, conforme a nossa evolução moral, podemos, mesmo que vagamente, recordar intuitivamente os momentos felizes desses encontros com aqueles que amamos.

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Alvaro Vargas, engenheiroagrônomo-Ph.D., presidente da USE Piracicaba, palestrante e radialista espírita.

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