Peixe vivo

Carlinhos Gonçalves

 

A memória está sempre ativa pelo menos a minha, pois trabalho conscientemente para isso. Ao ver no aplicativo WatsApp imagens do rio Piracicaba todo majestoso com peixes saltitando e sendo pego com as mãos pelos nossos pescadores, minha mente começou a buscar informações ativando as sinapses.

Ao ser comtemplado com alguns livros da biblioteca de um grande advogado piracicabano falecido recentemente encontrei uma obra escrita pelo ex-assessor do presidente Juscelino Kubitscheck o escritor Josué Montello. Há muito tempo venho procurando este livro que fala sobre as atividades do ex-presidente e seu governo. O acadêmico em seu livro constrói um painel da vida cultural, social e política do Brasil, portanto um mergulho na história política de nosso pais.

Não poderia iniciar a leitura do livro sem recordar a música peixe vivo que sempre encantou o ex-presidente e construtor de Brasília. Está cantiga que é parte do folclore mineiro sempre o acompanhou nos momentos alegres e difíceis da vida pública e como nos versos que sempre amou ele se perguntava “como pode o peixe vivo viver fora da água fria”, para ele a “água fria” era o ambiente político o contato com o povo e o poder.

Na época eu me lembro como era emocionante as campanhas políticas, pelo menos para nós as crianças que ganhávamos, réguas, lápis, camisetas, chaveiros e broches (pin), que também foi minha paixão de pequeno colecionador. Ainda tenho uma ampola com uma vassoura dentro escrita “o remédio é Jânio”, um broche de um pintinho que ganhei do senhor Sebastião dono da Casa Édson, marca da campanha de Carvalho Pinto que foi governador de São Paulo. Guardo ainda uma espada símbolo da candidatura do Marechal Teixeira Lott que foi ministro da Guerra e candidato a presidência do Brasil em 1960. O que mais marcou profundamente em minha memória foram as músicas que os candidatos usaram nas campanhas políticas como a que foi utilizada na campanha do saudoso ex-prefeito de Piracicaba Salgot Castillon.

Penso que político não pode viver ausente, ele deve acima de tudo estar constantemente em contato com o povo, pois assim era e assim será. É como um elo de uma corrente que não pode ser rompida tem que estar junto ao povo, ouvir suas reivindicações, sentir seu cheiro, chorar com suas tristezas e rir com suas alegrias. Por isso, faz sentido a música tema da campanha do ex-presidente Juscelino que dizia: “Como pode o peixe vivo viver fora da água fria, como poderei viver, sem tua, sem a tua, sem a tua companhia”. Sem a companhia do povo o político não vive muito tempo, talvez poderá viver por algum tempo, porém nem todo tempo.

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João Carlos T. Gonçalves, Carlinhos, professor, conferencista e consultor em Marketing Institucional.

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