Filipe Fernandes
Muito tem se discutido sobre o papel da política na sociedade moderna. Seria a política uma prática necessária à administração das demandas populares?
Com o período em que vivemos atualmente, torna-se evidente a importância do uso da diplomacia e da política como armas eficazes de resolução dos problemas da sociedade. O uso da política, da conversação e da negociação são essenciais para que pendências entre diversos interesses sejam, se não equacionadas, pelo menos equiparadas, tendo como objetivo benefícios comuns e recursos necessários para o entendimento. Essa prática, somente a política é capaz de levar a termo, haja visto que o diálogo é a chave para coibir conflitos e razão de ser indissociável da política.
Entretanto, cabe perguntar como a população, de um modo geral, pode participar ativamente da administração pública, contribuindo assim para o aprimoramento da democracia. É fato que as massas, excetuando o ato de votar, mantêm-se afastadas das vivências políticas que afetam diretamente seu cotidiano. Isso se deve, em grande parte, ao conceito falho de cidadania, algo pouco percebido pela população como prática diária, e não esporádica de exercer a democracia.
O cidadão comum deve despertar para sua importância no quadro político e engajar-se na luta por melhorias coletivas, seja por maior interesse pelo que acontece ao seu redor, informando-se e discutindo com familiares e amigos a situação mundial, seja pela participação direta em associações como amigos de bairro, organizações não governamentais e fóruns de discussão sobre temas sociais, políticos e econômicos, ou entidades similares onde seja exigida posição firme e atuação contundente do cidadão em prol da comunidade que representa.
Como dito anteriormente, o voto é a arma do cidadão para a busca de soluções de suas carências. Contudo, seria o voto uma prática consciente de valores de poder e liberdade, em busca do aprimoramento no campo democrático? Piracicaba, em particular, há vícios que corrompem uma certa parcela do eleitorado, que liga seu voto a concessões mesquinhas, como aquisição de bens e serviços diretos, e não à comunidade como um todo.
A falta de ideologia, trocada pelo fisiologismo, leva à criação de “currais” eleitorais, onde um líder político usa sua influência local para pressionar a população a votar em candidatos que defendam seus interesses após eleito. Como compensação, oferece ao povo produtos para sua sobrevivência, aproveitando-se da brutal desigualdade social que assola a cidade.
A concentração de renda beneficia as elites corruptas de Piracicaba, que não têm interesse em difundir o conceito de cidadania, preferindo passar a imagem do político paternalista e dono dos destinos da população, contrariando a visão desejável, do político como funcionário público, intermediador dos cidadãos junto aos poderes constituídos.
A continuidade do processo político, com votações em seqüência, tende a aumentar o grau de conscientização das massas e, mesmo com a resistência de setores atrasados da nação, a uma depuração política, onde o candidato que mais prezar a valorização do poder como instrumento de cidadania e de valorização da liberdade de expressão terá longevidade na vida pública. Em contrapartida, os postulantes da política oligárquica e excludente, com o amadurecimento do processo democrático, têm como destino o esvaziamento de sua influência e o declínio irreversível de seu poder autocrático.
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Filipe Fernandes é líder comunitário