Aos desavisados é preciso anunciar que os novos e novas socialistas estão embrenhados no tecido social, espalham-se pelas redes sociais (…)
Maria Teresa Silva Martins de Carvalho
Quem achou que os socialistas se encontravam extintos, ante um mundo econômico e social em ruínas, estava profundamente enganado. Certo que há uma nova onda, uma nova tendência a compor o grande universo das ideias socialistas. As representações deste campo se reinventaram e hoje alimentam os sonhos e intervenções de novos e de novas socialistas.
Sim, eles e elas estão chegando – são muitos, incansáveis! Há aqueles que os entendam como homens e mulheres endurecidos e céticos, revolucionários disciplinados, avessos às maiores alegrias e regalos da vida. Durante anos e décadas, a ideia e imagem de um socialista empertigado, cruel e intolerante foram se compondo a partir das experiências do bloco soviético. O muro de Berlim caiu, o avanço do capitalismo na sua mais famigerada versão ultraneoliberal, a fome, o abandono dos mais vulneráveis ganharam o cotidiano e o cenário mundial. Ideólogos do sistema clamavam pelo esfacelamento do ideário socialista!
Tamanho engano! Aos desavisados é preciso anunciar que os novos e novas socialistas estão embrenhados no tecido social, espalham-se pelas redes sociais, trafegam pelas produções artísticas, anunciam seus princípios e projetos em cada canto do mundo, são únicos, destemidos, portadores de uma alegria destemperada, anunciando um novo tempo! Não é para menos que pesquisas recentes revelam que metade da população jovem em nosso planeta é adepta ou, no mínimo, coloca-se com simpatia diante do sonho socialista.
O que sentem, o que pensam, como se comportam estes novos revolucionários? Estão profundamente comprometidos com as ideias mais fluidas e flexíveis, são inventivos, acolhedores das muitas manifestações amorosas, comportam-se com absoluta dignidade diante da diversidade, avessos ao neofascismo e ao ódio, atentos à transição ecológica, comunicando-se com a natureza de forma mais transparente e empática. Defendem aguerridamente a perspectiva da igualdade social e querem que as oportunidades sejam garantidas para o pleno desenvolvimento de toda humanidade!
É preciso ressaltar que os novos socialistas marcam uma nova tendência: rejeitam o endurecimento da ação militante, a burocratização da luta política, estão ávidos por renovação e um novo lugar revolucionário! São avessos ao disciplinamento de seus projetos, mesclando intuição, instinto, afeto e conhecimento para transformar! Centralismo Democrático: nem pensar!
Os novos e as novas socialistas são jovens ou pelo menos apresentam o coração juvenil. Marcam uma nova tendência e cultura, utilizando a arte, a comunicação digital, a elaboração literária, a performance nas redes sociais como instrumentos de luta. Conclamam por novos lugares de sociabilidade através de coletivos com pouca hierarquia e com novo conceito de autoridade. Sua visão é menos pragmática e mais acolhedora. Suas armas de combate ainda estão sendo construídas: flores, ideias, desobediência civil, convencimento, a formação de novas opiniões através dos veículos digitais, ocupação das ruas? Fato é que uma revolução está por vir. As estratégias adotadas podem surpreender: desconhecemos se a transformação virá através da guerrilha, da opinião, do voto, de novas células revolucionárias. A história é puro fluxo, um campo aberto – os novos e as novas socialistas o sabem. Estes sujeitos criarão seu exército com o coração quente e alma muito mais leve! E este maravilhoso mundo novo avança e nos mostra que, indubitavelmente, o capitalismo é sim um bicho de sete cabeças!
Maria Teresa Silva Martins de Carvalho, assistente social e escritora