Pânico (IV) – Medicamento

Mais de três décadas atrás era comum encontrar pessoas que sofriam crises de pânico há dez e até trinta anos. Tinham agorafobia(fobia de lugares com dificuldade para escape durante uma crise de pânico) e outras sequelas.Não saíam de casa e perdiam o emprego. “Hoje o paciente se autodiagnostica, sabe o que o atormenta. O transtorno já é bem conhecido e poucos ainda não testemunharam um caso na família ou no trabalho”, compara o psiquiatra Mário Costa Pereira. O problemapara ele está na postura do paciente em meio à cultura marcada pela idealização das neurociências. “Ele vem atrás de remédio. Toda a fé perdida quando o mundo desabou é depositada no medicamento que permite reorganizar sua vida. A pessoa não se coloca em questão, não admite que algo possa estar errado com ela”.

Como as drogas realmente são eficazes no controle das crises surge outro inconveniente: “Tendo alívio garantido, o paciente não quer parar de tomá-las; quando pára sai sempre com um comprimido no bolso, é um hipocondríaco. Ao depositar todas as fichas na autoridade do médico e no medicamento, o sujeito que sofria de pânico torna-se, em longo prazo, um neurótico sem crise”.

A visão de Costa Pereira vai além do físico. Considera fatores neuroquímicos, mas privilegia a economia psíquica da pessoa onde a subjetividade tem um lugar de destaque.

Fonte:http://www.unicamp.br/

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“Nunca tenha certeza de nada, porque a sabedoria começa com a dúvida”. (Sigmund Freud)

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Gosto de homem controlador e que me dê sempre telefonemas indicando onde está e me perguntando onde estou. Preciso também que ele sempre me diga que sou linda. Isso seria influência de meu pai militar-reformado?

Lisa, 40.

 

Não há como negar a influência que nossos pais exercem sobre nós, e como isso ajuda a construir nossa personalidade ao longo da infância e adolescência e que carregaremos pela vida afora. Freud dizia que a mulher procura um homem que tenha elementos que o identifiquem com seu pai. Quando pergunta se é influência de seu pai, de certa forma indica um saber sobre isso.

Mas a questão não se resume a isso. A necessidade dos telefonemas assim como sempre receber os elogios indicam a posição conhecida como “causa do desejo”. Em outras palavras é uma demanda de amor dirigida ao amado. Que ele tenha que sempre alimentar essa posição adotada por você, a de objeto de desejo.

Embora não apareça na questão me perguntei como é sua mãe na relação com seu pai e quanto dela você assumiu para si. Todos sabem que um militar, por força de sua profissão, é levado a comandar, dar ordens. Como foi seu olhar sobre a relação de seus pais está atuando fortemente em sua forma de se relacionar com um homem. Não se trata apenas do controle de seu pai militar, mas como tem sido a resposta a isso por sua mãe. E principalmente: o que escolheu para si disso tudo.

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