Fake news… uma bomba relógio (I)

José Francisco Hofling

 

Quem nasceu na primeira metade do século 20, sabe que não podia contar com os avanços da informática que dispomos hoje, computadores de alta tecnologia, mídias sociais, facebook, instagram, etc, eram cartas, telefonemas e um grande avanço que era o fax… com certeza não havia espaço para a já malfadada fake news (notícias falsas) e diga-se de passagem, vivíamos muito bem…apenas mais devagar sem grandes custos sociais. Com o advento da tecnologia computacional e o aparecimento da internet, tudo isso teve e tem a sua utilidade para a sociedade, com certeza, permitindo ao ser humano grandes avanços científicos e tecnológicos de alto valor para as sociedades. No entanto, como tudo nessa vida tem o seu lado positivo e negativo, concomitante ao grandioso espetáculo tecnológico, nasceram os danos sociais de toda espécie, particularmente as fake news… não se tem mais sossego, podemos achar qualquer um em qualquer lugar, acesso às pessoas ficou extremamente fácil, e o espaço para fraudes se tornaram rotina aumentando assustadoramente, terminando com o sossego de qualquer um em casa (supostamente resguardado) ou nas ruas… Com relação às fake news, esse recurso permitido pelas mídias sociais, tem feito a cabeça dos mais desavisados e de não leitores de jornais  e artigos científicos de boa qualidade e veracidade.

Uma boa quantidade de seres humanos que compartilham e comentam nas redes sociais (em qualquer país), nem leem o conteúdo inteiro, só observam o título…o que pode levar a grandes erros de absorção e compreensão mental, além de permitir o compartilhamento fácil daquilo que pode ser uma grande inverdade que se transforma em verdade e passa a fazer parte dos princípios norteadores daqueles que foram sujeitos deste processo. É aquela coisa… uma mentira dita várias vezes, se torna verdade. Tudo isso tem levado apoiadores e políticos ansiosos de poder ter a fake news como sua ferramenta principal, levando, muitas vezes, a grandes danos sociais e políticos com a propagação de mentiras e histórias inverídicas sobre seus oponentes. Não é incomum receber mensagens individuais ou em grupo, por exemplo que água quente mais coco pode curar o câncer, que vacina é um instrumento de propagação de doenças (o absurdo do absurdo) e que aquele medicamento popular contra febre e dor no corpo pode aumentar o risco de autismo em crianças…e assim vai…centenas de colocações  estapafúrdias totalmente sem sentido,  que só aumentam a confusão mental dos cidadãos tornando-os vítimas de inverdades que atrapalham e nada contribuem para o desenvolvimento humano e social. A vacinação tem sido o maior alvo, apesar de serem inúmeros os assuntos abordados pela fake news compartilhadas pelas redes sociais, mas o maior alvo ainda são as vacinas. Para se ter uma ideia, há mais de 12 mil fake news circulando nas redes sociais e nos aplicativos de conversa… todo esse conteúdo falso tem gerado uma enorme confusão entre a população em geral. Kits covids da vida tem sido “sugeridos” (ainda) em detrimento de tratamentos convencionais com indicação científica segura (eficácia já comprovada pela ciência) colocando a vida em risco. Pais tem evitado vacinar seus filhos, e doenças já erradicadas no Brasil estão voltando a fazer vítimas entre as crianças…com tudo isso, os vírus perdem força para as “notícias falsas” e o melhor que podemos fazer é nos proteger e tomar todos os devidos cuidados!

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José Francisco Hofling, professor da FOP-Unicamp; [email protected]

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