Pânico (III) – Desamparo

O psiquiatra e psicanalista Dr. Mário Eduardo Costa Pereira (UNICAMP) afirma que a relação do sujeito com o próprio desamparo é um aspecto fundamental na psicopatologia do pânico. “Faz parte da existência de todos conviver com certa dimensão de falta de garantias. No limite, nem eu nem você temos certeza absoluta de que seguiremos vivos depois desta porta, mas continuamos trabalhando, levando nosso dia-a-dia e incorporando os riscos de alguma forma”. Ele explica que o portador da síndrome consegue manter uma vida estável desde que esteja garantido por alguém ou algo concreto. “Se um dia ele perde aquela pessoa próxima, seu mundo desaba”.

Pereira lembra um caso clínico, em que o paciente levava uma vida profissional consistente dentro da empresa, familiar bem sucedida graças à iniciativa e suor do pai. Jamais questionou se a empresa poderia falir ou se deixaria de viver sob o manto protetor paterno. “Certa manhã o irmão sofre um infarto e, à noite, ele tem a primeira crise de pânico. A lógica motivadora da crise seria o temor do mesmo lhe acontecer. No entanto, seu raciocínio é: ‘se aconteceu com meu irmão, imagine com meu pai na idade que tem’”. Constatado o risco do desamparo a crise de pânico se instala. Baseando-se nisso escreveu o livro ‘Pânico e Desamparo’ (Ed. Escuta, 1999), referência literária sobre o assunto.

 

Fonte:http://www.unicamp.br/

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“O desamparo inicial dos seres humanos é a fonte primordial de todos os motivos morais”.(Sigmund Freud)

 

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Sou homossexual e há cinco meses me envolvi com uma mulher muito interessante. Eu fazia de tudo por ela. Um dia me disse que gostava de alguém de longe (moramos na mesma cidade). Mas continuei tentando conquistá-la enquanto seu amor pela outra só aumentava até que terminou comigo. Isso já faz dois meses, então insisti, fui atrás (nos vimos duas vezes nesse tempo). Saímos sábado passado e quando a levei para casa pedi um beijo. “Se você quisesse um beijo entraria”, ela disse. Só saí às 5h de lá. No dia seguinte disse “pensei como seria se eu me apaixonasse por você”. Será que percebeu que está me perdendo ou essa possibilidade é real? Não sei se continuo ligando ou dou um gelo.

Maria.

 

Que o investimento maior é seu isso está bem claro. Ela conhece melhor que você o movimento do desejo. Estuda seus passos e a mantém sob controle, ao perceber sua aproximação/afastamento. Ao mesmo tempo em que abre a possibilidade de se apaixonar, novas possibilidades lhe excluem da vida dela.

Fiquei com a impressão que você deixa pouco espaço para ela sentir sua ausência. Talvez se sinta inferior (?) e não pondere quanto investimento empenha para o retorno que efetivamente obtém no relacionamento. Acho que você pode estar sim apaixonada, mas não parece recíproco. Ela deixa isso claro ao colocar a possibilidade de se apaixonar. E só você pode decidir o que quer na vida amorosa.

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